Nuno Melo critica silêncio de primeiro-ministro

Vice-presidente do CDS considera que polémica das Raríssimas está a "pôr em causa" o ministro Vieira da Silva.

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Miguel Manso

O vice-presidente do CDS-PP Nuno Melo considerou esta quinta-feira "inqualificável" que o primeiro-ministro, António Costa, continue "calado" sobre o caso da associação Raríssimas, que já provocou a demissão de um secretário de Estado e está a pôr "em causa" o ministro Vieira da Silva.

"Lamento dizer que Portugal tem um primeiro-ministro absolutamente insensível e impreparado para a função", afirmou Nuno Melo à agência Lusa, em declarações a partir de Estrasburgo.

O eurodeputado e ‘vice’ dos centristas considerou que é "inqualificável" que António Costa ainda se tenha limitado "a dar sinal de vida para dizer que 2017 foi um ano particularmente saboroso, ignorando mais de 110 mortos em incêndios que foram trágicos".

Para o vice-presidente do CDS-PP, o comportamento do líder do executivo "confirma uma rotina": "Não é normal que cada vez que há uma crise no Governo o primeiro-ministro esteja no estrangeiro".

"Não é normal que já se tenha demitido um secretário de Estado, esteja em causa um ministro e o primeiro-ministro se mantenha calado e ainda não tenha falado ao país sobre isto. Qualquer chefe de Governo faz declarações relevantes de qualquer parte do mundo quando tem de ser", disse.

Portugal, pelo contrário, “tem um chefe de Governo que escolhe qualquer parte do mundo para estar calado", disse.

Sobre a forma como António Costa se referiu a 2017, Nuno Melo defendeu que não há nenhuma questão económica e financeira “que permita dizer em Bruxelas que o ano foi particularmente saboroso, no exacto dia em que em Estrasburgo se discutiu o mecanismo de Protecção Civil Europeu e a tragédia portuguesa esteve em todos os discursos políticos".

O primeiro-ministro considerou na quarta-feira, perante funcionários portugueses das instituições em Bruxelas, que 2017 "foi um ano particularmente saboroso para Portugal", lembrando as mudanças ao longo dos últimos 12 meses.

"Há um ano estávamos aqui, apesar de tudo, já a celebrar não nos terem sido aplicadas sanções, estávamos aqui com alguma esperança de que iríamos conseguir mesmo sair do procedimento por défice excessivo. Mas, a verdade é que podemos olhar para o ano de 2018 já sem receio de sanções, já sem receio de termos de ter novas discussões sobre décimas nominais ou estruturais para o procedimento de défice excessivo e até encarando já com normalidade que o ministro das Finanças português possa ser o próximo presidente do Eurogrupo", referiu.

O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, demitiu-se na terça-feira do Governo, sendo substituído por Rosa Matos Zorrinho, na sequência de uma reportagem transmitida no sábado pela TVI sobre alegadas irregularidades na gestão da Raríssimas - Associação Nacional de Doenças Mentais e Raras, financiada por subsídios do Estado e donativos.

Manuel Delgado foi consultor remunerado da Raríssimas, contratado entre 2013 e 2014, com um vencimento de três mil euros por mês.

O ministro da Segurança Social, que pertenceu à assembleia geral da Raríssimas entre 2013 e 2015, anunciou uma acção de inspecção à associação e negou ter tido conhecimento de denúncias de gestão danosa.

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