Nuno Mota Pinto substitui Félix Morgado no Montepio

Nuno Mota Pinto vai ser o próximo presidente da Caixa Económica Montepio Geral, numa altura em que a Santa Casa está a ultimar a sua entrada no capital do banco. José Félix Morgado, o actual líder da instituição, está de saída.

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Miguel Manso

Nuno Mota Pinto, de 43 anos, é o nome escolhido para ser o próximo presidente da Caixa Económica Montepio Geral, substituindo José Félix Morgado. O nome foi confirmado, ao final da tarde desta quinta-feira, pela dona do banco. 

"Nuno Mota Pinto foi convidado e já aceitou presidir à Comissão Executiva da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). (...) A escolha reúne o consenso da estrutura accionista e adequa-se ao perfil requerido para a execução da estratégia definida no sentido de dar cumprimento aos objectivos de transformação da CEMG na instituição financeira portuguesa de referência para a economia social", explica a entidade liderara por Tomás Correia em comunicado.

Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra, onde nasceu, e filho do ex-primeiro-ministro, Carlos Alberto Mota Pinto, Nuno Mota Pinto vem do Banco Mundial. E é irmão do advogado Alexandre Mota Pinto, do gabinete Uría Menéndez/Proença de Carvalho. 

Esta nomeação surge num quadro de grandes mudanças no grupo Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), que vão culminar na entrada de outras entidades no capital do seu banco, a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). A Santa Casa de Misericórdia de Lisboa já admitiu que pode adquirir até 10% do banco, em associação com outras entidades da economia social.

Os sites de informação económica já haviam revelado que Tomás Correia, o líder da AMMG, informou que não contava para o próximo mandato com o actual presidente José Félix Morgado, com quem se desentendeu. De acordo com o Jornal Económico, fonte da AMMG alegou que Félix Morgado “não tem o perfil social” necessário para transformar a instituição num banco social. E o PÚBLICO confirmou que o gestor está de saída. A AMMG tem Assembleia Geral marcada para 27 do corrente mês às 20h00.

O PÚBLICO apurou que ao Banco de Portugal ainda não chegou nenhuma lista fechada com os nomes dos novos órgãos sociais da CEMG.

O Montepio está numa fase de transição para um modelo em que passará a contar com instituições do sector social que reforçarão não só o seu capital, mas que também pretende ter influência na gestão e na estratégia. Em entrevista ao PÚBLICO, na semana passada, Edmundo Martinho, o novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que irá entrar no banco através de um aumento de capital e da injecção de 200 milhões de euros, admitia que vai nomear um a dois administradores executivos. E definia os pilares da sua estratégia para o banco: o Montepio "tem que estar no mercado com a atitude de um grande banco da economia social. Tem que ter preocupações quanto à presença de balcões em certos locais, tem de se preocupar com a forma como o crédito é concedido". 

Félix Morgado está à frente da CEMG desde 2015, tendo sido nomeado para substituir Tomás Correia na gestão executiva do banco, na ressaca da queda do Grupo Espírito Santo (BES). O histórico líder da instituição ficou apenas com responsabilidades de gestão na associação mutualista, a dona do banco. Tanto a gestão de Félix Morgado como algumas decisões de Tomás Correia têm estado na mira do regulador, da justiça e de um grupo de mutualistas.

No que diz respeito ao Montepio, a entrada da Santa Casa surge na sequência do aparecimento de desequilíbrios nas contas, identificados pelo próprio regulador. A este propósito, a vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, afirmou no Parlamento, no final de Junho, que "falta estabilizar um banco, que não é sistémico mas é prioritário, que é a Caixa Económica Montepio Geral". 

Notícia actualizada às 19h15 com comunicado da Associação Mutualista

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