Caso de escutas ilegais compromete Jean-Claude Juncker

Luxemburgo abre nova investigação judicial a factos ocorridos quando o presidente da Comissão Europeia era primeiro-ministro do grão-ducado.

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Jean-Claude Juncker foi primeiro-ministro do Luxemburgo entre 1995 e 2013 Vincent Kessler

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, arrisca-se a ser envolvido num processo judicial no Luxemburgo relativo a escutas ilegais efectuadas pelos serviços secretos do grão-ducado. A notícia é avançada pelo The Times. À data dos factos, Juncker era primeiro-ministro do Luxemburgo.

Em causa está a suspeita de que funcionários do Governo luxemburguês terão editado e possivelmente eliminado excertos de uma transcrição de uma conversa ocorrida em 2007 entre Juncker e Marco Mille, à data director dos serviços secretos.

A transcrição que pode ter sido manipulada foi entregue à justiça e ao Parlamento do Luxemburgo no âmbito de uma investigação a um caso de escutas ilegais, em que Mille é o principal suspeito. A justiça luxemburguesa está agora a investigar se os funcionários do Governo terão omitido que Juncker não só tinha conhecimento como autorizara as escutas que colocaram Mille no banco dos réus.

As escutas ilegais teriam como alvo Loris Mariotto, um empresário que acusou a família grão-ducal luxemburguesa de envolvimento em atentados terroristas durante os anos 80.

Segundo o The Times, este novo processo foi aberto a 4 de Dezembro e está nas mãos do juiz Eric Shammo. Para já, a investigação não visa directamente Juncker, mas sim três elementos da sua antiga equipa, agora suspeitos de terem prestado falsas declarações à justiça e ao Parlamento. Mas o caso pode vir a comprometer Juncker como antigo responsável político máximo do Luxemburgo.

Em tribunal, e no âmbito do processo principal relativo às escutas ilegais, Mille lembrou que “a falsificação de provas e a prestação deliberada de falsas declarações ao Parlamento, ao sistema judicial e, em último caso, ao público, são um ataque ao Estado de direito”.

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