Trump já perde nas urnas

O candidato de Donald Trump perdeu no estado do Alabama, renovando a esperança dos democratas para as eleições intercalares de 2018. Mas vai ser muito difícil recuperar o controlo do Senado.

A surpresa acabou por acontecer e os democratas ganharam no Alabama, reduzindo a diferença no Senado. Mas antes de tentar extrapolar directamente esta vitória para as eleições intercalares, interessa perceber o que falta neste momento aos democratas para poderem garantir a maioria. Não vai ser fácil: os democratas têm de manter todos os lugares que possuem e ganhar pelo menos mais dois. As eleições no Senado são intercalares, pelo que estão em disputa 33 lugares — 26 democratas e sete republicanos. Na prática são 33 corridas independentes, que serão influenciadas pela política nacional e pelo comportamento de Trump, mas que dependem maioritariamente da realidade de cada estado.

Os democratas têm menos dinheiro do que os republicanos, estão órfãos de uma liderança clara e o único factor que agrega as várias comunidades democratas é o ódio a Donald Trump, o que é manifestamente pouco para vencer uma eleição. Sem líder e sem estratégia, não se sabe o que querem os democratas — e a notoriedade pública de Hillary Clinton e Bernie Sanders serve mais para aumentar a confusão do que para trazer votos. Caso consigam resolver os problemas de organização, que não são pequenos, resta aos democratas apontar baterias aos alvos certos. Se o Nevada e o Arizona parecem objectivos acessíveis, o Wyoming e o Utah também estão na lista de desejos democratas para 2018. Em nenhum deles será fácil. Quer no Nevada quer no Arizona os candidatos democratas são fortes e os republicanos fracos, mas isso está longe de garantir a vitória. No Nevada há a vantagem de Hillary ter vencido Trump e no Arizona o candidato republicano vai retirar-se, pelo que as chances aumentam exponencialmente — ao mesmo tempo, John McCain pode também sair de cena e duplicar o interesse das eleições no estado.

No Utah, o candidato republicano tem 83 anos e uma campanha bem gerida num estado maioritariamente conservador pode representar uma boa surpresa. O Wyoming pode ainda vir a surpreender porque Steve Bannon quer forçar um candidato milionário que foge aos padrões tradicionais e pode colocar alguma areia na engrenagem republicana. Mas será sempre difícil ganhar qualquer um destes lugares.

A batalha não será fácil e, não ser que Trump e os republicanos prossigam num desgaste acelerado, é possível que os democratas não possam capitalizar estes ganhos. E aí a esperança de afastar o inquilino da Casa Branca volta a depender apenas da Justiça. 

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