Índia

Diz-me o que pensas, dir-te-ei o que comes

Na cave do Templo Hindu de Lisboa, em Telheiras, um cheiro a caril e especiarias denuncia um espaço pronto para receber quem procure uma refeição indiana autêntica: a Cantina Indiana. Entre as várias mesas redondas decoradas com toalhas verdes e com a pintura do Taj Mahal na parede atrás de si, Vibhuti Jamnadas prepara vários pratos para explicar - e dar a provar – a Sattvik food. “Tentamos não comer comida de um dia para outro, não muito picante, com pouco óleo e vegetariana”, diz a professora de Culinária Indiana e Vegetariana, cujo sorriso acompanha quase todo o final das suas frases.

Em pequenas taças foram distribuídas as especiarias – cominhos, amêndoas, cardamomo, açafrão e piri-piri vermelho, que juntas dão origem à famosa Masala. Seja entrada ou sobremesa, não há um prato que não leve pelo menos uma destas especiarias. “Como não comemos carne, temos sempre um prato de proteína com feijão, lentilhas ou grão”, diz Vibhuti. “Posso dizer que 90% das pessoas de Gujarat se alimentam à base de lentilhas e legumes”.

Inspirada no livro The Art of Indian Vegetarian Cooking, pousado sobre a mesa ao seu lado,  Vibhuti preparou os vários pratos, típicos de uma refeição na Índia ou de quem visita a Cantina. Primeiro, começou por fazer Mango Lassi, um batido de manga que aconselhou ser bebido antes da refeição, por ser calórico e saciante. De seguida, refugou os legumes com banana fatiada com casca e temperou-os com Masala, à qual misturou weetabix para ficar mais crocante. “Aakhu Shaak é o meu caril de legumes favorito”, sorriu. “É muito colorido e saboroso”. Para acompanhar o caril, preparou arroz branco, Tarkadal (uma espécie de sopa de lentilhas com tomate), Raita (salada de iogurte) e Paratha (pão indiano). Para sobremesa, fez um doce de cenoura, com leite e açúcar e várias especiarias. No final, foi tudo colocado em pequenas porções num prato de alumínio largo.

“A Ayurveda ensina que devemos comer com a mão porque a mão trasmite energias que ajudam à digestão, tem um calor especial”, diz Vibhuti. “O pão ajuda, mas quando chega a altura de comer o arroz é preciso saber. Os miúdos hoje não sabem”.