TVI aponta "contradições" e "esquecimentos" de Manuel Delgado

Secretário de Estado da Saúde que pediu a demissão nesta terça-feira concedeu uma entrevista ao canal onde foi confrontado com documentos que, aparentemente, o contrariam. Terá sido esta a razão que levou à saída do Governo.

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Manuel Delgado à esquerda na foto Rui Gaudencio/Arquivo

Manuel Delgado, secretário de Estado da Saúde que nesta terça-feira pediu a demissão do Governo, concedeu uma entrevista à TVI horas antes da sua saída do executivo na sequência da reportagem do que levantou dúvidas em relação à gestão da Raríssimas. O canal diz que a entrevista “pôs em xeque” o agora ex-secretário de Estado e antigo consultor da instituição, apontando “contradições que acabou por levar a que abandonasse as funções no Governo”.

Na entrevista conduzida pela jornalista Ana Leal, responsável pela reportagem que iniciou a polémica relativamente à Raríssimas, Manuel Delgado afirmou que não tinha conhecimento da situação financeira frágil da instituição quando colaborou com a mesma. No entanto, acabou por ser confrontado com um e-mail que indicava o contrário: “Nesses documentos, já aparece o encargo com o salário elevado do consultor e ainda da presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, que esta terça-feira também se demitiu”, escreve a TVI.

Delgado foi também confrontado com as viagens que terá realizado com a presidente da Raríssimas, Paula Brito da Costa, e com a relação de ambos. “Manuel Delgado foi incapaz de dar explicações e negou qualquer relação pessoal com Paula Brito da Costa. À pergunta da jornalista sobre quantas deslocações fez com a presidente para fora do país, o consultor e governante respondeu que foram apenas duas e acabou depois por ser confrontado pela jornalista com pelo menos mais uma”, lê-se no artigo da TVI.

Depois de admitir uma deslocação a Burgos e a uma conferência em Buenos Aires, a jornalista referiu mais uma viagem ao Brasil. “Viajar no mesmo avião não significa que tenha sido pago pela Raríssimas”, respondeu o antigo governante.

“Mas logo a seguir, Manuel Delgado entrou em contradição: explicou que se deslocava com frequência ao Brasil, numa altura em que tinha na sua actividade privada relações e contactos com empresas naquele país, e, perante a insistência da jornalista acabou por ceder e admitir que a viagem foi reservada pela Raríssimas”, explica o canal.

Delgado foi ainda questionado se a sua relação com Paula Brito da Costa para além da profissional, ao que o ex-consultor da Raríssimas recusou responder: “Não. A minha vida privada não é para aqui chamada”. 

Manuel Delgado respondeu ainda que não considera imoral ter sido pago com subsídios do Estado que seriam destinados a crianças com doenças raras:  “Eu sou um prestador de serviços. Acha moral que eu preste um serviço e não seja remunerado por ele depois de um contrato assinado? Acha moral?!”, disse, “visivelmente zangado”, descreve a TVI.

Perante a insistência nesta questão por parte da jornalista, Delgado manteve a sua posição e foi novamente confrontado com um e-mail que recebeu por parte do então tesoureiro da Raríssimas onde informa que o salário do antigo secretário de Estado seria pago através de subsídios do Estado. Delgado voltou a considerar que esta situação não é imoral. “Claro. Estava trabalhado. Estava feito. Também era melhor, não era? Quer dizer, não recebia? Mas qual foi a decisão que eu tomei? Nunca mais prestei serviços à Raríssimas”, justificou Manuel Delgado.

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