China estuda construção de campos de refugiados na fronteira com a Coreia do Norte

Pequim prepara-se para a possibilidade de um novo conflito armado na região.

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O avanço do programa nuclear do regime de Kim Jong-un (na foto, num desfile militar em Outubro) tem aumentado os receios em torno de um novo conflito armado na península coreana Reuters/KCNA

O Partido Comunista Chinês e as autoridades da região de Changbai terão proposto ao Governo de Pequim a construção de uma linha de campos de refugiados ao longo dos 1416 quilómetros de fronteira com a Coreia do Norte, acautelando a possibilidade de um êxodo em caso de conflito.

A notícia foi revelada na semana passada pelo jornal Financial Times foi aprofundada esta terça-feira pelo The Guardian, que dá a construção como estando em curso. 

O FT cita um documento da empresa estatal chinesa de comunicações, a China Mobile — cuja veracidade o Guardian diz não ter podido confirmar —, que terá sido encarregada de fornecer serviços de Internet aos campos. O documento, que está a circular há uma semana nas redes sociais chinesas, fala numa rede de cinco campos.

Devido à “crescente tensão do outro lado da fronteira, o partido [comunista] e o governo de Changbai propuseram a criação de cinco campos de refugiados nesta região”, diz o texto, citado pelo Guardian.

No encontro de segunda-feira com os jornalistas, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, foi questionado sobre o tema e não confirmou a notícia: “Não vi esses relatórios”, disse. A pergunta foi apagada da transcrição oficial do briefing, como costuma acontecer quando os jornalistas estrangeiros em Pequim abordam questões sensíveis, diz o Guardian.

A construção dos campos, prossegue este jornal, “parece” reflectir as crescentes preocupações de Pequim sobre a Coreia do Norte.

Cheng Xiaohe, um especialista em Coreia do Norte na Universidade Renmin, em Pequim, disse que não podia confirmar a veracidade do documento mas que seria irresponsável da parte da China não se precaver para uma possível instabilidade política em Pyongyang ou mesmo para a queda do regime de Kim Jong-un.     

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