Quiosque da The Worst Tours vai ser demolido no Verão

A associação que o ocupa vai poder continuar por ali até Junho, depois de a Câmara do Porto recuar na decisão de a mandar sair até ao final deste ano

Foto
A autarquia não tem interesse no quiosque e vai removê-lo Hugo Santos

Os responsáveis pelos passeios temáticos The Worst Tours vão poder continuar a usar o quiosque que lhes serve de abrigo até Junho de 2018, como estava previsto no contrato de concessão com a Câmara do Porto. A associação Simplesmente Notável, responsável por aquele produto turístico, tinha sido avisada pelo município que teria que deixar o quiosque onde funciona até ao final deste ano, por denúncia do contrato por parte da autarquia, mas o executivo de Rui Moreira voltou atrás. A garantia foi dada pelo próprio presidente da câmara ao tesoureiro da associação, Pedro Figueiredo.

O arquitecto aguardou cerca de quatro horas para intervir na reunião do executivo desta terça-feira e questionar Rui Moreira sobre o porquê de a câmara ter denunciado o contrato – uma possibilidade prevista entre as partes, mas para a qual os responsáveis pelas The Worst Tours não encontravam justificação. Em Novembro, quando o PÚBLICO noticiou o caso, o gabinete de imprensa da autarquia afirmara que a decisão camarária se prendia com um incumprimento por parte do concessionário. Esta terça-feira, Pedro Figueiredo perguntou a Rui Moreira que incumprimento era esse.

O autarca afirmou que os fiscais da câmara tinham, aparentemente, encontrado o quiosque fechado algumas vezes, quando passaram pelo local onde ele está instalado, na esquina da Avenida Rodrigues de Freitas com a Rua D. João IV. Mas, acrescentou Rui Moreira, essa até nem é a razão principal para a decisão da câmara. “Queremos retirar o quiosque”, esclareceu o presidente da câmara, considerando que o equipamento não tem interesse para o município.

Contudo, Rui Moreira disse também que face às “legítimas expectativas” de a associação permanecer ali até ao final de Junho, que esse prazo seria cumprido. “Adiamos a decisão de demolição do quiosque até Junho. É algo que pode ser adiado, não causa transtorno de maior”, afirmou.

Pedro Figueiredo, que informara o executivo ter recebido já o apoio de pelo menos 500 pessoas para que o quiosque se mantivesse aberto, saiu, por isso, da reunião do executivo com a certeza de que a associação a que preside vai continuar a ter a mesma morada até ao início do Verão do próximo ano. Mas não conseguiu convencer Rui Moreira dos méritos do quiosque amarelo que tem sido a casa das The Worst Tours. O autarca disse que o quiosque vai mesmo abaixo e que, em matéria de gosto, “prefere o [quiosque japonês] do Largo de Mompilher, que vai regressar”.

O quiosque japonês, construído nos anos de 1930, está classificado como imóvel de interesse público, mas já não ocupa o seu espaço no Largo de Mompilher desde Janeiro de 2016. Nessa altura, a estrutura foi retirada para ser reabilitada, depois de ter sido profundamente danificada por um incêndio, em Junho de 2014. O PÚBLICO tentou obter mais esclarecimentos sobre o regresso do quiosque ao largo, anunciado por Rui Moreira, mas fonte da autarquia argumentou que era “prematuro” dar mais informações sobre esta matéria nesta altura.

Taxa turística avança

Na reunião do executivo foi aprovado, com a abstenção da CDU, o regulamento que permitirá a aplicação da taxa turística de 2 euros por pessoa e noite, a partir de 1 de Março de 2018. Apesar de propostas para que o valor da taxa a cobrar fosse reduzido para um euro (da CDU) e que a isenção fosse aplicada até aos 18 anos, em vez de 13 (do PS), o documento acabou por ser aprovado sem alterações.

O executivo de Rui Moreira também não acolheu a recomendação socialista para que a câmara exercesse o direito de preferência na aquisição do antigo Colégio Almeida Garrett, que a Universidade do Porto vendeu por 6,1 milhões de euros. Rui Moreira disse reconhecer o interesse “óbvio” do imóvel, mas disse que este não era suficiente para justificar a compra do espaço por um valor que, por força da ida ao mercado, seria 30% acima do que fora estipulado por uma avaliação municipal.

O autarca disse temer “abrir um precedente” na aquisição de eventuais imóveis do Estado, já que este se poderia sentir tentado a enviar prédios que interessam à câmara para hasta pública, a fim de inflaccionar o seu valor – o que obrigaria a câmara a pagar mais, caso quisesse exercer, nesses casos, o direito de preferência. 

Sugerir correcção
Comentar