Os adversários das equipas portuguesas na Liga dos Campeões e Liga Europa

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Reuters/PHIL NOBLE

Dr. Jürgen e Mr. Klopp

O Liverpool é um adversário que suscita alguns pontos de interrogação e o desempenho na presente temporada está aí para prová-lo. Capazes do melhor e do pior, os “reds” tanto são a equipa que fez história ao vencer dois jogos da fase de grupos por 7-0 (ao Maribor e ao Spartak Moscovo) como são aquela que vencia em Sevilha por 0-3 aos 30 minutos e permitiu o empate da formação andaluza. Graças a estas duas faces, o Liverpool teve o segundo ataque mais concretizador da fase de grupos da Champions (23 golos) mas também a pior defesa entre os primeiros classificados (seis golos, a par da Roma). Esta irregularidade também se verifica na Premier League, onde o Liverpool segue no quarto lugar da classificação. Não é preciso ir muito longe: na jornada do fim-de-semana, a equipa de Jürgen Klopp cedeu um empate no derby frente ao rival Everton que deixou o técnico alemão furibundo.

De regresso à Liga dos Campeões após duas temporadas de ausência, o Liverpool teve de superar o play-off de acesso à fase de grupos, contra o Hoffenheim. O emblema de Anfield procura regressar aos dias de glória nas competições europeias (conquistou o último de cinco troféus de campeão europeu em 2004-05 e desde então foi uma vez finalista derrotado, em 2006-07, e esteve nas meias-finais em 2007-08) e para tal conta com o futebol do quarteto Mohamed Salah, Roberto Firmino, Philippe Coutinho e Sadio Mané. Assumindo que os quatro continuam no Liverpool após o período de transferências de Inverno, serão os elementos a ter debaixo de olho para Sérgio Conceição. Na defesa faz-se sentir a inconsistência, com rotatividade na baliza (Mignolet no campeonato, Karius na Champions) e alguns altos e baixos. Se o ataque é o terceiro melhor da Premier League, a defesa surge apenas em nono lugar na hierarquia, com mais golos sofridos do que o penúltimo classificado, Swansea City.

“Sabíamos que nos ia calhar um adversário forte. O FC Porto tem uma boa equipa, está em primeiro na Liga portuguesa e tem qualidade. São uma equipa difícil de defrontar e superaram um grupo difícil. Vai ser interessante. É bom termos o primeiro jogo no Porto, porque o tempo vai estar melhor em Fevereiro! Depois, em Março, resolvemos a eliminatória em Anfield”, prognosticou Jürgen Klopp, que deixou alertas para os imponderáveis que podem surgir até lá: “Vamos observar o FC Porto, mas muita coisa pode acontecer – o período de transferências, lesões... Sonhávamos com isto e queremos muito disputar os oitavos-de-final. Mas ainda temos uns 20 jogos até lá, muito em que pensar.”

Bom para acumular milhas aéreas

Há um ponto no mapa das equipas participantes nos 16 avos-de-final da Liga Europa que surge isolado dos outros, completamente deslocado para a direita, mais perto de Pequim do que de Lisboa: é o Astana e será o adversário do Sporting. Vão ser viagens de mais de 12 mil quilómetros, ida e volta, para discutir um lugar nos oitavos-de-final da Liga Europa. Resta dizer que por estarem nesta fase da competição “leões” e cazaques recebem 500 mil euros da UEFA, e o emblema que avançar para a próxima ronda embolsa mais 750 mil euros.

O recém-coroado campeão do Cazaquistão (pela quarta vez consecutiva) volta a Portugal, onde já tinha tido o seu baptismo em fases de grupos das provas europeias em 2015. Na altura foi frente ao Benfica e terminou com derrota, mas o Astana não guarda só más memórias dessa primeira experiência: somou quatro pontos, conseguindo não perder nenhum jogo em casa. No ano passado o emblema cazaque participou na fase de grupos da Liga Europa e repetiu a presença esta época, conseguindo desta vez qualificar-se para a fase seguinte num grupo que disputou com Villarreal, Slavia Praga e Maccabi Telavive. A dupla formada pelo ganês Patrick Twumasi e pelo congolês Junior Kabananga, ambos já com alguns anos no clube, destacou-se o ataque.

Se todas as eliminatórias ontem sorteadas estão envoltas numa série de imponderáveis, isso é especialmente verdade para o duelo entre Astana e Sporting. Os “leões” podem vir a sofrer com lesões e com os efeitos do período de transferências de Inverno. Para o emblema do Cazaquistão o problema é que a temporada interna acabou de terminar e as competições só regressam em Março. Ou seja, em Fevereiro, quando se disputam os 16 avos-de-final da Liga Europa, o Astana estará em plena pré-temporada. Que jogadores irão chegar? Quais irão deixar de fazer parte da equipa?

“Não acho importante jogar a primeira partida em casa. O nosso clube enfrenta os jogos em casa e fora com o mesmo espírito. Espero que o possível frio não assuste os nossos adeptos e que, no dia 15 de Fevereiro, haja casa cheia na Arena Astana”, indicou o presidente do clube, Sayan Khamitzhanov, em declarações recolhidas com o auxílio do serviço de traduções do Google. Em Fevereiro as temperaturas em Astana costumam oscilar em média entre a máxima de -9º e a mínima de -20º.

Reencontros no Minho

Passaram poucas semanas e o Marselha já tem nova viagem marcada ao Minho: depois de defrontar o V. Guimarães no Grupo I da Liga Europa, os franceses regressam para disputar com o Sp. Braga um lugar nos oitavos-de-final da competição. A estrada é a mesma, mas em vez de virar para Guimarães é virar para Braga – rumo a outro reencontro, porque há dois anos as duas equipas foram adversárias na fase de grupos da Liga Europa. A equipa então orientada por Paulo Fonseca venceu em casa (3-2) e perdeu em França (1-0), tendo garantido o primeiro lugar na classificação, com mais um ponto do que o Marselha. Mas desta vez não há segundas hipóteses, é uma eliminatória e só há lugar para um na próxima ronda.

Actualmente quarto classificado na Liga francesa, com os mesmos pontos do segundo, o Marselha tem andado afastado dos tempos de glória em que ombreou com os maiores da Europa (foi campeão europeu em 1992-93). Mas, com a liderança de Rudi Garcia – e o trabalho de Andoni Zubizarreta como director desportivo – o clube tem vindo a reerguer-se. No plantel mistura-se a experiência de trintões como Mandanda, Rolando, Rami, Luiz Gustavo ou Payet com a juventude e qualidade de Amavi, Sanson, Thauvin, N’Jié ou Ocampos. Germain tem assumido o protagonismo no ataque, enquanto Mitroglou sente dificuldades em afirmar-se.

“O Arsenal teria sido pior do que o Sp. Braga”, reagiu Zubizarreta, ironizando com a semelhança dos equipamentos. “Jogámos em Guimarães, é perto, e já conhecemos a viagem. Mas vamos ter de aumentar o nosso nível para voltar a marcar presença no próximo sorteio”, acrescentou o mesmo responsável, consciente das dificuldades que o Marselha sentiu a jogar fora de casa, na fase de grupos (um empate e duas derrotas, uma delas em Guimarães). E a segunda mão da eliminatória joga-se no Minho.

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