Ao mesmo tempo que usa temas e linguagem da extrema-direita, Laurent Wauquiez, o candidato favorito à liderança dos Republicanos, um partido de centro-direita em França, jura que nunca fará alianças com a Frente Nacional de Marine Le Pen. Mas palavras leva-os o vento e Le Pen pô-lo à prova, convidando o favorito nas primárias deste domingo a “sair da ambiguidade” e aliar-se a ela.

“Quando ouço os discursos do sr. Wauquiez, digo: se ele é sincero, com estas opiniões devia propor-nos uma aliança política”, disse Le Pen. “Se ele for sincero, não pode dizer as mesmas coisas que nós,  por vezes até com palavras mais cruas que as nossas, e ao mesmo tempo afirmar que devíamos ser banidos da vida política francesa. É preciso ser coerente”, disse Marine Le Pen.

O convite foi repetido pelo deputado e dirigente frontista Louis Aliot. A aliança eleitoral, sugeriu, poderia ser nas próximas eleições municipais, em 2020. “Wauquiez vem para o nosso terreno e tem um discurso que poderia classificar-se como pseudo-soberanista”, disse Aliot.

O único caso de aliança de outro partido com a FN verificou-se nas últimas presidenciais, na segunda volta, com o Debout la France de Nicolas Dupont-Aignan. Uma aliança breve, que acabou mal.

Durante grande parte da sua existência, a Frente Nacional foi sim isolada pelos restantes partidos, que criaram uma espécie de cordão sanitário para demonstrarem aos eleitores que não se tratava de um partido com os outros.

E Laurent Wauquiez, o que achou do convite? “Enquanto me ocupar da nossa família, os Republicanos, não haverá nunca alianças com Marine Le Pen”, garantiu. Mas, mantendo a ambiguidade que Le Pen lhe apontou, disse estar aberto “a falar com todos os que desiludimos e que votaram na Frente Nacional”.