Cartões de crédito à venda nos shoppings e hipermercados

Consumidores são confrontados permanentemente com ofertas, mas nem sempre com toda a informação devida

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o desafio das compras e os cartões de crédito andam de mãos dadas.

A oferta de cartões de crédito está por todo o lado. Entrar num shopping e não ser desafiado a subscrever uma cartão de crédito Wizink, antigo Barclaycard, é um milagre. Ir a um hipermercado do grupo Sonae (proprietária do PÚBLICO) e não receber publicidade do cartão Universo é pouco provável. Receber uma mensagem do Santander a dizer “que é possível contratar crédito pessoal mesmo ao fim-de-semana”, já não é de estranhar. Ou da Caixa Geral de Depósitos, a comunicar aos clientes que a utilização do cartão de crédito os habilita “a uma serigrafia Pomar e peças Vista Alegre”.

Outras formas de créditos são disponibilizadas a toda a hora na compra de electrodomésticos, equipamentos electrónicos ou automóveis. E as ofertas associadas aos cartões de crédito são tentadores, embora venham a ser integralmente pagas pelos clientes, até porque estão habitualmente dependentes de valores mínimos de compras e ou a pagamento fraccionado (em diversas vezes) do saldo do cartão. A título de exemplo, o Universo (que é uma parceria da Sonae com o BNP Paribas) está a oferecer 30 euros em compras nos hipermercados do grupo. O Wizink oferece 40 euros (depois de compras com o cartão de 200 euros), viagens, tablets ou outros descontos. E há produtos mais antigos que vão mudando, como o Cartão Prémio do BPI, que oferecia 2% de desconto sobre o valor das compras em Portugal e no estrangeiro, oferta que agora só existe se o valor dos pagamentos for fraccionado no mínimo em 50%. E agora? os juros pagos sobre 50% do saldo do cartão compensam o desconto de 2% nas compras? As contas são difíceis de fazer, para este caso e para muitos outros produtos.

As novas formas de contratação do crédito ao consumo - nas lojas, nos corredores dos centros comerciais, de pé, com imenso barulho à volta -, que o Banco de Portugal tem autorizado, não permitem a prestação de informação completa e rigorosa, nem o acesso a informação pré-contratual, como a leitura cuidada da FIN, a Ficha de Informação Normalizada, que por sua vez é excessivamente extensa, utiliza uma linguagem muito complexa e até o corpo de letra é um obstáculo.

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