Arqueólogos descobrem dois túmulos com mais de 3500 anos

Com esta descoberta, o Egipto procura revitalizar o sector do turismo, que é decisivo para a economia do país.

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Arqueólogos egípcios a trabalhar na recuperação dos túmulos LUSA/KHALED ELFIQI

As autoridades do Egipto comunicaram este sábado a descoberta de dois pequenos túmulos, com cerca de 3500 anos, na cidade de Luxor. Os túmulos, que datam da época do Império Novo, foram escavados numa necrópole na margem ocidental do rio Nilo, perto de Luxor, onde ficava Tebas, capital dos faraós.

Outrora um expoente da economia do Egipto, a indústria do turismo ressentiu-se fortemente nos últimos anos por causa da instabilidade política na região, nomeadamente com o crescimento da ameaça do Daesh, e também pelos levantamentos populares no período da chamada Primavera Árabe. Com esta descoberta, o Egipto procura revitalizar o sector do turismo, que é decisivo para a economia do país.

Uma múmia em bom estado de conservação, a estátua de uma cantora do deus Ámon-Rá, centenas de artefactos de madeira e cerâmica e pinturas intactas foram encontrados por uma missão de arqueólogos liderada por Mostafa Waziri, que é também secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto.

Os túmulos, que muito provavelmente pertenciam a nobres e altos funcionários da época e ainda não foram identificados, foram inicialmente descobertos na década de 90 pela arqueóloga alemã Frederica Kampp, mas não haviam sido explorados.

O achado mais valioso é uma estátua de cerca de 60 centímetros de altura, decorada com cores vivas e que representa uma mulher identificada como Ísis Nefret, que estava numa câmara de sete metros na tumba denominada Kampp 150. A mulher foi, muito provavelmente, uma cantora do deus Ámon, a principal divindade da mitologia egípcia, explicou Mostafa Waziri.

Os arqueólogos levantaram a hipótese de o proprietário do túmulo ser um escriba chamado Maati, cujo nome surge junto ao da sua mulher, Mehi, em 50 cones funerários. Outra possibilidade é que pertença a uma pessoa chamada Djehuty Mes, cujo nome aparece esculpido numa das paredes, sobre quem, no entanto, não há mais detalhes.

O outro túmulo, denominado Kampp 161, fica a poucos metros, na mesma margem do rio Nilo, e consiste numa câmara de cerca de seis metros, decorada com inscrições hieroglíficas que “parecem que foram pintadas ontem ou há poucos dias”, realçou Waziri.

Na câmara desse túmulo, que data da XVIII dinastia, foi descoberta a parte inferior de um sarcófago decorado com uma cena da deusa Ísis levantando as mãos.

Ambos os túmulos, localizados na encosta de uma colina árida, a poucos quilómetros do Vale dos Reis, contêm inúmeros objectos funerários, como cones, peças de mobiliário, louças e centenas de estatuetas funerárias.

Esta é a terceira descoberta desde o início do ano na necrópole de Dra Abu el-Naga. Em Abril, foi encontrado o mausoléu de um dirigente da antiga Tebas, enquanto em Setembro foi anunciada a descoberta da sepultura de um ourives que viveu na XVIII dinastia, contendo peças de um dos templos do deus Ámon-Rá.

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