A carne assada?

Para ser honesto tenho de perguntar qual foi a última vez que comi carne de porco assada - do lombo - que estava suculenta. É chocante: foi em 1977.

Cada vez que como uma sandes de carne assada fico desiludido. Seja onde for. Fica sempre seca. Para ser honesto tenho de perguntar qual foi a última vez que comi carne de porco assada - do lombo - que estava suculenta. É chocante: foi em 1977.

Os talhantes dizem-me que já não existem os porcos com essa carne, que os gostos mudaram, que essa carne era gorda e bastante cara e que agora prefere-se magra e muito barata. Os porcos - os animais mais parecidos com os humanos - já nem se vêem. Estão todos escondidos em matadouros industriais, tratados como se fossem frangos. Como se os frangos não merecessem também viver com liberdade e alegria.

Sabemos que os porcos que acabam como o melhor presunto ibérico têm vidas boas porque só assim o presunto fica tão bom. Para a carne de porco ser má e magra é preciso que a vida dos animais seja má e curta. A matança do porco era uma ocasião especial, devidamente celebrada. E agora?

Até aos anos 70 costeletas de porco eram caras, raras e deliciosas. Tal como o lombo assado eram violentamente cor-de-laranja por causa do colorau. Não gostar de colorau era uma aberração.

A gordura, junto ao osso, era a melhor parte da costeleta. Roía-se como bons Neandertais que éramos. Mas uma costeleta bastava, com puré de batata (para onde foi ela?) e uma salada de alface.

Quanto à saudosa sandes não precisava de manteiga: chegava um bocadinho da molhanga. E nas charcutarias o lombo de porco era a carne mais cara de todas. O que é que aconteceu? Alguém sabe?

Sugerir correcção
Ler 5 comentários