PCP contra política "refém de imposições externas" assumida por Governo PS

Jerónimo de Sousa encerrou no POrto as celebrações do centenário da revolução de Outubro, organizadas pelo PCP

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Jerónimo de Sousa evocou a revolução de Outubro no Porto LUSA/FERNANDO VELUDO

O líder comunista, Jerónimo de Sousa, defendeu este sábado, “uma política patriótica e de esquerda, como a que o PCP defende para o país”, uma vez que este partido “não está refém das imposições externas e dos interesses do grande capital, como a que assume o actual Governo minoritário do PS”.

O secretário-geral do PCP garantiu que são visíveis as consequências do capitalismo na sociedade portuguesa, às quais se juntam “vulnerabilidades” e “agudos problemas” cuja solução reclama. A solução que apontou passa pela “libertação do país da submissão ao Euro e à União Europeia”, bem como a “renegociação da dívida pública para libertar recursos” e a “defesa e promoção da produção nacional e dos sectores produtivos”.

Intervindo durante a sessão evocativa do centenário da Revolução de Outubro, no Porto, o secretário-geral do PCP, sustentou que “o mundo precisa do socialismo” que, assinalou, “não é incompatível com a democracia”. Na sua opinião, “o socialismo precisa da democracia, da participação consciente dos trabalhadores e do povo para se afirmar e desenvolver”. Isto porque, disse, “não há socialismo sem a participação dos trabalhadores e do povo, o seu contributo, o seu empenhamento, a sua decisão, sem uma organização da sociedade com um funcionamento profundamente democrático”. Jerónimo de Sousa frisou ainda que “ninguém tem o direito de acusar o PCP de querer acabar com as liberdades” e que este foi o partido “que mais lutou em nome dessas liberdades”.

Criticando o capitalismo, o secretário-geral do PCP falou nas “injustiças”, “desigualdades” e “flagelos sociais” de um sistema que “faz com que, existindo recursos para garantir a alimentação, a saúde, o emprego e rendimentos à totalidade da população humana, mais de 800 milhões de pessoas passem fome e um em cada três seres humanos viva oficialmente abaixo do limiar da pobreza definido pela ONU”.

Presente no discurso, estiveram também as críticas aos Estados Unidos. “A escalada agressiva do imperialismo assume particular gravidade no imperialismo norte-americano que (…) procura contrariar o seu declínio relativo e impor o seu domínio hegemónico, promovendo uma escalada de tensão e provocação, operações de ingerência e guerras de agressão por todo o mundo”, sublinhou.

Jerónimo de Sousa aproveitou para criticar os que dizem que “Outubro morreu” e “nada representa” e que não só compararam a revolução bolchevique ao Estado Islâmico, como também defenderam que “a existência de Hitler e a II Guerra Mundial se devem à Revolução Russa”, numa “caluniosa ligação entre a revolução e o fascismo”.

E frisou: “Vimo-los a uns e a outros a difundirem as mais torpes e estafadas mentiras, não apenas para denegrir e diabolizar a revolução de Outubro, mas os comunistas e o seu projecto, e até a deturpar deliberadamente o que de viva voz o PCP hoje afirma sobre o significado de tão marcante acontecimento.”

Para o líder comunista, “só a cegueira ideológica pode justificar não reconhecerem o vasto conjunto de grandes conquistas e realizações políticas, económicas, sociais, culturais, científicas e civilizacionais do socialismo na URSS”.

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