Quem chega de carro a esta pequena cidade italiana atravessando o monte Latarri, de onde se tem uma espectacular vista sobre o Vesúvio e Nápoles, fica logo bem ciente que o melhor é estacionar e andar a pé! As estradas da região, mesmo no Outono, estão muito movimentadas, são estreitas e a condução por aqui, para automóveis, motociclos, carros de carga e autocarros é… incrível. Só vendo, não vale a pena tentar explicar!

Com o automóvel no parque subterrâneo à entrada da cidade (20€/dia), percorremos então as ruas de Amalfi para ir ao encontro da catedral, Duomo di Amalfi, e o Museo Díocesano, seguindo depois para apreciar uma malha urbana singular. São poucas e estreitas as ruas onde podem transitar automóveis, a cidade caracteriza-se por uma imensidão de vielas e escadarias — os declives onde as casas foram construídas são acentuadíssimos —, muitas destas passagens são mesmo subterrâneas, e bastantes em que apenas um par de pessoas de podem cruzar de cada vez. É assim que se pode chegar aos locais para contemplar esta cidade literalmente “encravada” entre rochedos e a espectacular Costa Amalfitana. Seguiram-se 360 degraus — contados por mim! — desde a Piazza Duomo até ao cemitério! Dali observamos desde logo as “latadas” de limoeiros bem próximas, a cidade com um olhar de drone e até onde a vista alcança para o mar Mediterrâneo e para a montanha.

Estamos em Outubro, mas, apesar dos muitos turistas, nota-se que há vida própria, ligada ao mar e à agricultura, o que naturalmente torna a estadia mais agradável. O turismo, no entanto, é claramente o motor da economia, com oferta muito diversificada na hotelaria, restauração, transportes terrestres e marítimos, mas também actividades culturais e de arlivre muito em voga, como os trails, onde pode optar por itinerários tão deslumbrantes como difíceis!

Se não quiser ou puder andar nestas aventuras, uma boa opção para ver a costa é uma viagem de barco até Positano. São 25 minutos num “barco de carreira” (16€ ida e volta). Ponto de passagem obrigatório de celebridades internacionais, tem um ambiente comercial mais sofisticado, aqui e ali mesmo de luxo, e nem lhe faltam galerias de arte. Mas… mais turistas também. As praias desta costa privilegiada pela natureza e bem cuidada pelo homem, mesmo em Outubro, ainda atraem turistas para uns mergulhos a meio do dia quando o sol vai alto.

De regresso a Amalfi, depois de visitar o Complesso Monumentale di Sant’Andea — Santo André é o padroeiro da cidade que chegou a ser uma República independente, e relíquias suas repousam na cripta desde o século XII — com arquitectura muito interessante e peças museológicas importantes no museu, tempo para descansar num dos cafés da praça. Se quer uma sugestão, sente-se na esplanada Andrea Pansa, ali ao lado da escadaria da Duomo desde 1830. E não sair de Amalfi sem provar limoncello, licor de limão, o produto mais marcante da região!

Miguel Silva Machado