Triunfo da produção

Ao revelar quanto é que gastou a Netflix não está a ser exibicionista. Está apenas a mostrar que coisas como The Crown são caras - e que está a disposta a pagar.

Fiz as pazes com a Netflix. A segunda temporada de The Crown ajuda muito. Pode ser banal a maneira como Peter Morgan conta a história - sobretudo a parte política - mas a produção é luxuosa e os actores são formidáveis.

A BBC já criticou o financiamento excessivo da série mas, no fundo, era mais uma lamento por não poder dispor de um orçamento semelhante. The Crown, de facto, parece uma boa produção da BBC, se a BBC não tivesse problemas de dinheiro.

A oposição das duas grandes produtoras é falsa. Tanto a BBC como a Netflix gozam de condições excepcionais de produção: não têm de competir no mercado, podendo escolher projectos que, pelo menos a médio prazo, não têm justificação comercial.

Estamos habituados a aplaudir a ingenuidade de quem consegue fazer grandes produções com meios limitados e a deitar abaixo as produções megalómanas que esbanjam dezenas de miliões de dólares.

Com The Crown vê-se cada libra que foi gasta - dos mais de 100 milhões que custou cada temporada - no cuidado imenso da recriação. Os cenários, as roupas, os adereços, as multidões e os milhões de pormenores de cada cena aproximam-se da perfeição, afectando positivamente a plausibilidade da acção dramática a um nível nunca dantes visto.

É uma questão de competência e de dinheiro. O dinheiro é fundamental e The Crown é a prova disso. Ao revelar quanto é que gastou a Netflix não está a ser exibicionista. Está apenas a mostrar que coisas como The Crown são caras - e que está a disposta a pagar. Está certo.

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