PS-Coimbra critica Pizarro por dizer que havia alternativas a Machado para liderar a ANMP

Carlos Cidade sai em defesa de Manuel Machado para a liderança da associação e diz que as declarações do líder do PS-Porto “só podem ser tomadas como um momento bizarro de incoerência política”

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Recandidatura de Manuel Machado para liderança da ANMP não é consensual no PS asm ADRIANO MIRANDA

A concelhia de Coimbra e a distrital do Porto do PS andam desavindas por causa da liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). Carlos Cidade, que preside à estrutura coimbrã do PS, reagiu com indignação às declarações do seu correligionário de partido, que esta semana disse que o partido tinha autarcas cujas características os tornavam mais indicados do que o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, para assumir a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). Essa solução, alternativa à recandidatura de Machado, "seria mais positiva para o poder local e para o PS”, argumentou.

Segundo Manuel Pizarro, os três autarcas do PS que teriam mais condições para a presidência da associação de municípios eram: “A presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes; o presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, e o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.”

Apesar de declarar o seu apoio a Manuel Machado, reeleito em Outubro para um novo mandato à frente da Câmara de Coimbra, o líder da distrital do Porto do PS considera que os três autarcas que mencionou têm uma “visão mais moderna da relação entre as autarquias e o poder central” para ocupar a presidência da ANMP.

“As palavras do [também] vereador da Câmara do Porto, Manuel Pizarro, só podem ser tomadas como um momento bizarro de incoerência política e de necessidade de protagonismo para a disputa de eleições internas no seu distrito”, lê-se num comunicado enviado ao PÚBLICO por Carlos Cidade.

Estranhando as considerações feitas pelo dirigente portuense sobre o “perfil de um autarca consensual como Manuel Machado em termos de seriedade, competência e de capacidade de interligação entre o poder local e o poder central”, Cidade aproveita para dizer que Pizarro “devia estar em profunda reflexão sobre os dois piores resultados eleitorais do PS no concelho do Porto” numa alusão às eleições autárquicas de 2013 (22,6%) e de 2017 (28,5%).

“Só uma visão anterior ao Estado Novo pode considerar que um presidente de câmara eleito com mais de 80% dos votos [para a ANMP] pode ser alguém que não tem representatividade suficiente para o dirigente socialista do Porto. Talvez o camarada Pizarro preferisse uma eleição mais absolutista, mas é algo com o qual o PS em Coimbra não se pode identificar, até porque nem Pizarro foi alguma vez eleito em eleições internas com resultados parecidos”, acrescenta o comunicado.

Para Carlos Cidade, “menos incompreensível ainda será a sua posição na indicação de três hipotéticos candidatos que, certamente, não têm fundamento de candidatura efectiva e apenas colocam os autarcas e as autarquias referidas numa posição desconfortável" quando se aproxima um momento decisivo para consensos no sentido de "se avançar com uma verdadeira descentralização, há tanto tempo pretendida e necessária para as instituições e para os cidadãos”.

Numa referência ao XXIII da ANMP, que decorre sábado, em Portimão, Carlos Cidade afirma que na reunião magna dos autarcas “se vai ultrapassar uma etapa fundamental para uma efectiva descentralização e esse desígnio devia unir todos os socialistas, até porque e, citando Manuel Machado, é algo que vai criar ‘uma verdadeira articulação com o Estado’ e ‘melhorar a igualdade de oportunidade dos cidadãos’”.

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