O Banco de Livros Escolares não tem casa e pode encerrar

O grupo de voluntários que distribui e recolhe livros em Coimbra ficou sem casa. Se não encontrarem novo espaço até 31 de Dezembro o encerramento é uma forte possibilidade.

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Rui Gaudencio

Sem morada, nem perspectivas de encontrar uma nova casa. É assim que se encontra o grupo de voluntários do Banco de Livros Escolares de Coimbra que há um mês ficou sem o seu espaço no edifício das Forças Armadas, no bairro Norton de Matos. A loja, cedida gratuitamente pelo Instituto de Apoio Social das Forças Armadas, vai passar a ser arrendada. Agora, os livros encaixotados estão, até ao final do ano, em casa de um particular, enquanto não encontram nova morada.

Maria José Carrilho, representante do grupo de voluntários do banco de livros, não se cansa de agradecer a cedência do espaço pelas Forças Armadas, mas sabe qual a conclusão desta história, caso não arranjem novo espaço: “Encerramos”. Já foram feitos contactos, todos informais, mas ainda não ouviram nenhuma resposta. “É um serviço que estamos a prestar à sociedade, faria todo o sentido que as autarquias ajudassem”, aponta. A verdade é que nem as freguesias, nem o município se têm mostrado dispostos a ajudar, de acordo com o banco de livros.

Jorge Alves, vereador com o pelouro da Educação no executivo de Coimbra, garante que nunca lhe “chegou qualquer pedido”, acrescentando que “as autarquias não têm de estar presentes em tudo”.

Ainda assim, o vereador socialista não afasta a hipótese de ajudar o Banco de Livros Escolares de Coimbra, referindo que esta é uma “iniciativa importante, principalmente partindo da sociedade civil” e abrindo as portas a um eventual apoio: “Se tivermos que dar uma ajuda, naturalmente daremos, sem qualquer problema”. Jorge Alves aponta também possíveis soluções, com os agrupamentos de escolas a surgirem como possíveis parceiros do banco de livros.

O ponto de recolha e partilha de livros não precisa de grandes luxos, pelo menos de acordo com a descrição de Maria José Carrilho. São 30 metros quadrados e tem apenas como condições serem de fácil acesso e sem humidade. “De resto, não precisamos de água, nem de electricidade”, acrescenta.

A representante do grupo de voluntários utiliza outros bancos de recolha e distribuição para mostrar que as freguesias e os municípios se associam noutros locais — são exemplo Porto, Braga, Viseu, Ferreira do Zêzere ou Faro.

Há cinco anos que um grupo de voluntários, liderado por Maria José Carrilho, decidiu criar o Banco de Livros Escolares de Coimbra, inserido no movimento nacional Reutilizar.org, que visa a promoção de bancos de recolha e partilha de livros escolares. Este ano, apesar de não existirem números concretos, garantem que distribuíram mais de 500 livros.

Depois de, nos primeiros dois anos, o grupo ter estado em diversos espaços cedidos por cidadãos privados, o Instituto de Apoio Social das Forças Armadas ajudou o banco de livros até há um mês. Do lado dos voluntários apenas agradecimentos pelo apoio durante estes três anos.

Muitos pedidos depois, o banco de livros tem até ao último dia do ano para arranjar uma nova casa onde possam distribuir livros reutilizados a quem os contacta: “Ainda hoje [ontem], demos resposta a uma senhora”, conta Maria José.

Texto editado por Ana Fernandes     

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