Tascas por descobrir

Tenho a mania de comprar guias porque se não prestam dá muito prazer denunciar as aldrabices que se encontram.

Tenho a mania de comprar guias porque se não prestam dá muito prazer denunciar as aldrabices que se encontram. Também com mentiras e com  propagandas se aprende a apurar o nariz.

Os guias Bom Cama Boa Mesa do Expresso são muito inconsistentes, havendo alguns que são meramente publicitários e outros que são fundamentais para quem gosta de comer e dormir bem.

O mais recente — Tascas e Petiscos, coordenado por Paulo Brilhante — é capaz de ser o melhor de sempre. Para já, porque segue um critério editorial muito bem definido e organizado. Merece mesmo um lugar no porta-luvas, ao lado do trabalho brilhante (e pioneiro) de Mafalda César Machado: o Guia Tascas de Portugal.

A primeira grande qualidade é falar de tascas de que nunca ouvi falar. Depois não se alonga em críticas e considerações: refere apenas o essencial, como os pratos que têm mais saída. Eis uma virtude cada vez mais rara: a concisão. Resultado: o livro é gordinho mas está cheio de restaurantes. Fica-se com vontade de ir a estas tascas todas, pensando que devem ser tão boas como aquelas que conhecemos e que justamente aqui figuram.

Tem também sugestões deliciosas de muitos grandes chefes portugueses, feitas com cuidado e sabedoria. Ao contrário do que muitas vezes acontece não estão a recomendar os restaurantes dos amigos da profissão. Cada um aposta em três tascas e algumas destas aparecem várias vezes em listas diferentes, tornando-se mais convidativas por causa disso.

O livro custa dez euros muito bem gastos.

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