Confrontos entre palestinianos e tropas israelitas após anúncio de Trump

Hamas apelou a nova Intifada contra Israel. Balas de borracha e gás lacrimogéneo foram usados contra os manifestantes em Ramallah.

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Ismail Haniyeh quer uma nova Intifada a partir de sexta-feira, 8 de Dezembro Reuters/MOHAMMED SALEM
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Benjamin Netanyahu diz que mais países seguirão a decisão dos EUA Reuters/RONEN ZVULUN

Pelo menos 16 palestinianos ficaram feridos em confrontos na Cisjordânia, durante protestos contra os Estados Unidos depois do Presidente Donald Trump ter reconhecido Jerusalém como capital de Israel.

Segundo a Reuters, Israel enviou centenas de reforços para a Cisjordânia e as tropas, acrescenta a CNN, dispararam balas de borracha e usaram gás lacriomogéneo contra os manifestantes.

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Belém foi palco de confrontos Luís Octávio Costa

Há também protestos na Faixa de Gaza, onde foi declarada uma greve (assim como na Cisjordânia). 

O anúncio de Trump, na quarta-feira, pode fazer eclodir uma onda de violência numa região muito volátil. O movimento palestiniano Hamas já apelou a uma revolta contra Israel.

“Dia 8 de Dezembro será o primeiro dia de uma Intifada contra o nosso inimigo sionista”, disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, num discurso na Faixa de Gaza. "Só podemos enfrentar a política sionista - apoiada pelos Estados Unidos - lançando uma nova Intifada".

O partido que domina a Faixa de Gaza - e que recentemente se reconciliou com a Fatah do presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas, tendo sido anunciado um governo de unidade nacional - disse que irá dar em breve indicações a todos os membros do grupo. O "chamado acordo de paz foi enterrado de uma vez por todas", disse Haniyeh.

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Mural em Belém Luís Octávio Costa

A decisão de Trump e o que ela pode arrastar levou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a marcar uma reunião de emergência. Esta, porém, só terá lugar na sexta-feira e há alguma espectativa para se saber qual será o comportamento dos quatro países com direito a veto, China, França, Rússia e Reino Unido, perante a decisão unilateral dos EUA (também com direito a veto) de mudar o estatuto de Jerusalém. 

Os palestinianos consideram o lado oriental da cidade santa como a capital do seu futuro estado. 

"Iremos declarar os EUA como um país excluído de qualquer processo político ou de paz", informou o porta-voz da Fatah, Nasser Al-Kidwa. "Para nós, perdeu a sua capacidade de agir nessa conformidade."

No lado israelita, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira acreditar que muitos países irão seguir o exemplo norte-americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, e transferir as suas embaixadas para esta cidade. Netanyahu disse já estar em contacto com outros países, diz a Reuters, mas não especificou quais.

Disse ainda que Trump, que "ficará para sempre ligado à história da capital" e que Israel lhe agradece.

Do lado dos judeus norte-americanos, as opiniões sobre a decisão dividem-se. A Coligação Judaica Republicana dos EUA agradeceu a Trump através da publicação de um anúncio no New York Times. A decisão cumpre uma das promessas eleitorais do Presidente dos EUA.

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