Clássicos da Nintendo lançados para consola rival

A empresa tem vindo a abandonar a estratégia de produzir jogos apenas para as suas próprias consolas. Para já, o lançamento limita-se à China.

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A Nintendo quer aumentar a fama do Super Mario na China Reuters/© Thomas Peter / Reuters

Vai ser possível jogar alguns clássicos da Nintendo numa consola que não é da fabricante japonesa. A empresa está a disponibilizar títulos criados para a Wii e para a Gamecube – consolas que já não produz – na Nvidia Shield TV, uma box de televisão usada maioritariamente para videojogos que foi lançada em 2015.

A iniciativa parece querer despertar o interesse por jogos que foram lançados há cerca de dez anos. Inclui A Lenda de Zelda: The Twilight Princess (2006), New Super Mario Bros (2006) e Punch-Out!! (a versão para a Wii, de 2009). Para já, porém, limita-se à China.

É uma grande mudança para a empresa nipónica que nas últimas três décadas não criou quaisquer jogos para consolas rivais. Foi em 2015 que a estratégia começou a mudar com o Super Mario – e outras personagens conhecidas da Nintendo – a saltarem para telemóveis e tablets produzidos por terceiros. O objectivo era aproveitar o enorme mercado de smartphones e tablets e levar os consumidores a querer também jogar nas consolas.

Há três anos, a empresa estava a passar por um período difícil. No ano fiscal de 2014, as receitas foram de 572 mil milhões de ienes, cerca de 4,4 mil milhões de euros, o que significava menos 10% do que no ano anterior. Em 2017, após o lançamento da consola híbrida Switch, os resultados estão melhores. No relatório referente ao período entre Março e Setembro deste ano, a Nintendo registou vendas no valor de 374 mil milhões de ienes (cerca de 2,82 mil milhões de euros), um aumento de 173% em relação ao mesmo período do ano passado. A Switch ajudou a impulsionar as vendas: a empresa vendeu 7,63 milhões de unidades do dispositivo em questão de seis meses (é mais de mais de metade das unidades vendidas da consola Wii U, um modelo com pouco sucesso, em cinco anos).

O foco na China surge quando o país está a par dos EUA como o maior mercado de jogos digitais do mundo. Em 2016 a China gerou mais de 20,8 mil milhões de euros em receitas de videojogos – sensivelmente o mesmo que os EUA, segundo dados da empresa de capital de risco Atomico.

Alguns analistas no país acreditam que é uma estratégia para aumentar a popularidade da Nintendo na China. “O maior objectivo [desta iniciativa] é muito provavelmente ver a sua propriedade intectual mais reconhecida na China”, disse Hideki Yasuda um analista do instituto Ace Research em declarações à agência Bloomberg. O público do país desconhece muitas das personagens da Nintendo visto que a maioria dos jogos da fabricante japonesa não estão disponíveis legalmente.

Yasuda acha que o projecto vai ter um “sucesso limitado” visto que a maioria das pessoas na China joga em computadores ou dispositivos móveis. A mais recente consola da Nintendo, a Switch (que pode ser jogada em movimento, ou conectada à televisão) ainda não está à venda no país. A parceria com a Nvidia pode ajudar a empresa a preparar o mercado chinês para um possível lançamento da consola.

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