Tratamento igual para o príncipe e o pobre

Treinador do FC Porto sublinha equilíbrio do grupo e a possibilidade “fantástica” de decidir o próprio futuro.

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O treino de ontem do FC Porto, com Felipe a liderar o pelotão MANUEL ARAÚJO/LUSA

Depois de capitular e ter de assumir perante a Europa dos ricos uma derrota do Mónaco em toda a linha, Leonardo Jardim levantou a ponta do véu do enredo que o próprio treinador português imaginou e ensaiou para hoje uma despedida digna, diante de um FC Porto decidido a honrar a tradição e a bater mais uma vez um adversário de boas memórias, para assegurar uma vaga nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

A formação francesa parece oscilar entre o abismo em que uma nova humilhação na Champions a precipitaria e a bóia salvadora capaz de equilibrar os campeões de França no campeonato, ainda que Jardim insista na ideia de revolução no “onze”, ao admitir um Mónaco diferente, sem algumas das suas principais figuras, aliviando o garrote emocional numa noite decisiva para o FC Porto, que procura a 13.ª presença em fases a eliminar na prova milionária.

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Contudo, o madeirense plantou a dúvida na mente do adversário, chamando a jogo, entre outros indiscutíveis, referências como Falcao, Moutinho e Rony Lopes, bem conhecidos dos portugueses.

O FC Porto terá, portanto, que esperar pela divulgação do “onze” de Jardim para saber se estará na presença do príncipe ou do “pobre”, uma espécie de sucedâneo com roupagens um pouco menos nobres, mas sem falhas de identidade.

Sérgio Conceição, até pelo temperamento e rebeldia que o caracterizam, conhece as histórias de Mark Twain, pelo que já fez saber que não se deixa enganar facilmente, encarando este compromisso como o jogo da época... em que o FC Porto quer agarrar a oportunidade de decidir o próprio futuro na Champions. O treinador portista surgiu escudado pelo sorriso de Aboubakar, pronto para desarmar qualquer defesa, dentro de um espírito que Sérgio Conceição cultiva e elogia sem hesitar.

Do nulo do clássico ou da quebra de rendimento dos avançados não reza a história e, para o primeiro jogo verdadeiramente decisivo da época, o “estado de espírito é o melhor possível”, declarou, “focado num adversário difícil, liderado por um dos cinco melhores treinadores portugueses, lista da qual que se exclui. “Sei bem do potencial do Leonardo Jardim e da equipa, que continua a possuir muita qualidade”, antecipou Sérgio Conceição, ciente do que é preciso para atingir o nível demonstrado na recepção ao RB Leipzig, o verdadeiro rival portista nesta luta pelos oitavos-de-final.

“Será necessário o mesmo FC Porto dos últimos quatro meses, à excepção do das Aves. Um FC Porto que acredita e olhará para este jogo como a nossa grande final”, golpeia convictamente. “Gostamos de estar sempre no fio da navalha, com uma vontade enorme e a ambição de ganhar. Temos a possibilidade de entrar no lote dos melhores da Europa e de sermos nós a decidir o futuro, o que é fantástico”, reforça o treinador portista, admitindo que, dadas as circunstâncias, este Mónaco pode ser um pouco mais imprevisível, embora identificável.

“Cria algumas dúvidas, mas não passa disso. O nosso estudo incide sobre todos os jogadores. Sabemos do potencial de cada um. Depois, a dinâmica, a identidade e os princípios de jogo são os mesmos. Mas acredito que será uma equipa um bocadinho diferente da que defrontámos no Mónaco”.

Curiosamente, um adversário que se deu melhor como visitante, mesmo que o factor casa “seja sempre importante” num grupo tão equilibrado, em que “o Mónaco era visto como candidato ao primeiro lugar e está em último”.

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