Milhões gastos no funeral de Mandela terão sido utilizados indevidamente

Mais de 18 milhões de euros destinados a infra-estruturas e ao desenvolvimento social na região do Cabo Oriental foram gastos em t-shirts, transporte e catering, segundo a “protectora do povo” Busi Mkhwebane.

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Nelson Mandela, líder histórico da África do Sul, morreu em 2013 aos 95 anos Reuters/THOMAS MUKOYA

O órgão anticorrupção da África do Sul pediu ao Presidente para abrir uma investigação sobre o uso indevido de milhões de randes durante as cerimónias fúnebres do histórico líder Nelson Mandela, realizadas em Dezembro de 2013.

Segundo a BBC, que cita a comunicação social sul-africana, o relatório apresentado por Busi Mkhwebane, a chamada “protectora do povo” (responsável que é nomeado pelo Presidente mas que actua de forma independente do poder político), diz que cerca de 300 milhões de randes (mais de 18 milhões de euros) que eram destinados, entre outras coisas, a infra-estruturas e ao desenvolvimento social na região do Cabo Oriental, foram utilizados para comprar t-shirts, para pagar o transporte de pessoas ou para financiar o catering da cerimónia.

Mkhwebane descobriu que "o dinheiro destinado à infra-estrutura e ao desenvolvimento social no Cabo Oriental, a provisão de água corrente, electricidade, saneamento, a substituição de escolas de lama e a remodelação de hospitais" foi usado para comprar t-shirts e transportar pessoas, assim como para pagar os serviços de restauração durante o memorial.

As primeiras suspeitas de uso indevido de fundos nas cerimónias surgiram logo em 2015, meses depois do funeral de Mandela em Qunu, no Cabo Oriental. Mas agora, com a apresentação do relatório de 300 páginas, Busi Mkhwebanepediu numa conferência de imprensa ao Presidente Jacob Zuma que este crie uma unidade especial de investigação sobre o caso.

A responsável diz que existiu “mau planeamento” em todos os níveis do Governo e que as autoridades governamentais do Cabo Oriental ignoraram regras básicas e inflacionaram custos, descrevendo que este falhanço em respeitar os regulamentos é “muito assustador”.

Apesar de admitir que parte desta utilização indevida do dinheiro se deveu à desorganização, Mkhwebane criticou o partido do poder, o ANC, por, aparentemente, ter ordenado às autoridades da região onde se realizou o funeral sobre como gastar os fundos disponibilizados. “Existem facturas que estamos a mostrar com cabeçalhos da ANC. E o dinheiro foi pago mas, mais uma vez, os serviços não foram prestados”, acusou.

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