O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair (do Partido Trabalhista), garantiu estar empenhado em criar condições para realizar um novo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.

Numa entrevista à rádio BBC4, Blair defendeu que “quando os factos se alteram, as pessoas também têm o direito de mudarem de opinião”.

Blair sempre defendeu a permanência do Reino Unido na UE e entende que uma nova consulta popular não constitui um desrespeito pelo resultado do referendo. “A vontade do povo não é imutável. O povo pode mudar de opinião se as circunstâncias se alterarem”, disse.

O antigo líder trabalhista mencionou que os defensores do "Brexit" fizeram promessas que não foram cumpridas, por exemplo canalizar para o serviço nacional de saúde verbas gastas com compromissos europeus.  “Muitas pessoas terão votado a favor do ‘Brexit’ na expectativa de que o dinheiro dado à Europa viria de volta e poderia ser investido na saúde. Essa foi uma promessa específica feita pelos defensores do ‘Brexit’”, disse Blair, explicando que isso não vai acontecer.

“Neste momento isso está muito claro: em primeiro lugar, não há dinheiro extra para o sistema de saúde por via do ‘Brexit’; em segundo, vamos passar a dar menos dinheiro [à saúde], e não mais, porque o crescimento económico é baixo e porque temos de pagar uma factura enorme à UE [pela saída]".

Descrevendo o serviço nacional de saúde britânico como algo “a cair aos pedaços”, e a situação actual como uma “tragédia nacional”, Blair defendeu que as circunstâncias de quem votou no “Brexit” se alteraram. 

O antigo líder trabalhista disse que a sua organização Tony Blair Institute for Global Change vai lutar pela realização de um segundo referendo para que os cidadãso tenham uma nova oportunidade de decidir sobre a relação do Reino Unido com o resto da Europa.