O fantasma de José Mourinho continua a assombrar Arsène Wenger

Paul Pogba foi expulso e vai perder o escaldante derby de Manchester na próxima jornada da Premier League.

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Mourinho somou a nona vitória nos confrontos com Wenger Reuters/ANDREW COULDRIDGE

Arsène Wenger sempre cultivou uma imagem cavalheiresca na Premier League, mas o verniz estalou com chegada de José Mourinho a Inglaterra. Desde então, nunca escondeu a antipatia pelo português. Os resultados desportivos contribuíram muito para isso. Em 18 confrontos, o eterno treinador francês do Arsenal venceu apenas dois, empatou sete e perdeu nove. O último desaire foi este sábado, em Londres, onde o Manchester United foi vencer por 3-1.

A cumprir a 22.ª temporada à frente dos “gunners”, a longevidade de Wenger é cada vez mais um caso de estudo. É verdade que a sua chegada ao Arsenal, no primeiro dia de Outubro de 1996, revolucionou o clube, mas ao final de duas décadas o saldo é paupérrimo. Apenas três campeonatos conquistados, o último dos quais na longínqua temporada de 2003-04 - curiosamente na mesma em que Mourinho surpreendeu o mundo do futebol ao conquistar a sua primeira Liga dos Campeões pelo FC Porto. Um feito que o transportou para o estrelato e para o Chelsea na época seguinte.

Coincidência ou não, a entrada de rompante do setubalense na Premier League, arrebatando logo dois títulos consecutivos para os londrinos, coincidiu com o início do jejum do Arsenal na principal prova britânica. Na realidade, em apenas seis temporadas completas (não terminou outras duas) o português (54 anos) conquistou os mesmos três campeonatos que Wenger (68), em 21 oportunidades.

Algo que o sadino não se tem cansado de esfregar na cara do francês dentro e fora das quatro linhas. No plano competitivo, uma das maiores “bofetadas” que Mourinho serviu de bandeja a Wenger teve requintes de malvadez. A 22 de Março de 2014, no jogo em que o treinador do Arsenal comemorava a sua 1000.ª partida como técnico, foi humilhado no recinto do Chelsea com uma goleada por 6-0. Terá sido um dos sapos mais difíceis de digerir na carreira do veterano treinador.

Antes e depois deste episódio, foram constantes as azedas trocas de palavras entre os dois. Num livro sobre o português, publicado em Inglaterra, em Setembro do ano passado, com o título “José Mourinho: Up Close and Personal”, o autor e jornalista Rob Beasley partilhou uma promessa que o agora timoneiro do Manchester United terá feito sobre Wenger: “Vou encontrá-lo um dia fora do relvado e vou partir-lhe a cara.”

Já em Setembro deste ano, Mourinho não resistiu a uma nova alfinetada, numa entrevista ao jornal The Times, onde abordava o tema da longevidade dos treinadores num clube em contraste com a sua trajectória feita de mudanças. Sem nunca citar o nome do francês, não deixou espaço para dúvidas: “Se estás num clube um ou dois anos, se deixas uma estrutura para ser ainda mais bem-sucedida, então isso não é um trabalho curto. É um trabalho de longa duração. Podes estar dez ou vinte anos e, quando deixas o clube, ele está pronto para falhar.”

Dias depois, Wenger revelou que tinha recusado uma oferta do Manchester United para render o mítico Alex Ferguson, em 2001, pela sua lealdade ao Arsenal. “Adoro os valores deste clube e, para mim, um clube é antes de mais sobre valores”, explicou.

Mas os valores do francês não têm sido sinónimo de grande sucesso para os arsenalistas, que começam a desesperar com a seca na Premier League e a falta de êxitos internacionais na Liga dos Campeões. Se Mourinho já tem dois troféus da prova milionária no currículo, Wenger continua de mãos vazias.

Voltou este sábado a ser batido pelo português perante o seu próprio público. Um golo de Antonio Valencia logo aos 4’ colocou os visitantes em vantagem, ampliada sete minutos depois, por Jesse Lingard. O Arsenal ainda tentou inverter a sorte após o intervalo, com Alexandre Lacazette a reduzir a diferença, aos 49’, mas Lingard bisou e sentenciou a partida, aos 63’.

O United continua na perseguição ao City, que defronta em Old Trafford na próxima jornada, mas nem tudo foi perfeito para Mourinho em Londres. Paul Pogba foi expulso (74’) e falhará o derby de Manchester.

 

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