Papa usa a palavra "rohingya" no Bangladesh

Chefe da Igreja Católica foi mais cauteloso na Birmânia, onde o termo tem um peso político enorme.

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Francisco encontrou-se com um grupo de refugiados rohingya Max Rossi/REUTERS

Depois de ter evitado usar a palavra "rohingya" quando esteve na Birmânia, no início da semana, o Papa Francisco referiu-se esta sexta-feira pelo nome à comunidade que tem fugido da perseguição no país em direcção ao Bangladesh – e foi precisamente perto da fronteira entre os dois países, mas já no lado do Bangladesh, que Francisco falou do assunto de forma directa.

"A presença de Deus, hoje, também se chama rohingya. Em nome de todos os que vos perseguiram, que vos fizeram mal, eu peço perdão. Apelo aos vossos grandes corações que nos concedam o perdão que estamos a pedir", disse o Papa Francisco no final de um encontro, em Daca, com 16 refugiados rohingya dos campo de Kutupalong e Nayapara, na fronteira com a Birmânia.

Mais de 625 mil pessoas da etnia rohingya fugiram da Birmânia para o Bangladesh nos últimos três meses, para escaparem à perseguição do exército da Birmânia – as autoridades dizem que estão apenas a responder aos ataques de milícias rohingya, mas várias organizações internacionais dizem que está em marcha uma limpeza étnica com raízes profundas na marginalização dos rohingya na sociedade birmanesa.

Os rohingya não têm cidadania birmanesa e os seus direitos são muito limitados em relação à maioria dos habitantes. A Birmânia diz que eles são cidadãos do Bangladesh que estão no país ilegalmente, apesar de terem nascido no actual território da Birmânia – as autoridades birmanesas não usam o termo rohingya poque dessa forma estariam a reconhecer a especificidade da etnia.

Quando passou pela Birmânia, o Papa Francisco optou por fazer um discurso cauteloso após o encontro que manteve com a conselheira de Estado do Governo da Birmânia e líder de facto do país, Aung San Suu Kyi. Não mencionou o termo "rohingya", mas não deixou de falar do sofrimento causado pelo "conflito civil e pelas hostilidades".

"As diferenças religiosas não têm de ser uma fonte de divisão e desconfiança, mas antes uma força de unidade, perdão, tolerância e da construção inteligente de uma nação", disse o Papa.

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