Dirigentes catalães só sabem se saem em liberdade na segunda-feira

Ex-dirigentes aceitam o artigo 155, que levou à destituição do governo que integravam. O magistrado do Supremo ouviu mas adiou decisão.

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O ex-líder catalão Artus Mas no Tribunal Supremo, à espera das audiências desta sexta-feira de manhã Fernando Villar/EPA

Uma semana depois de ter assumido as investigações contra os membros do governo catalão destituído e contra os Jordis, dirigentes das duas maiores associações soberanistas da Catalunha, o juiz Pablo Llarena ouviu em Madrid os dez detidos em prisão preventiva defender a sua libertação.

Como se esperava, todos disseram de alguma forma que acatam a aplicação do artigo 155 por parte do Governo de Madrid, ainda que não estejam de acordo com a forma como está a ser executado. E todos se comprometeram a prosseguir com o seu projecto independentista dentro da legalidade.

Dirigentes da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) e do PDeCAT (Partido Democrata Europeu Catalão), assim como a Assembleia Nacional Catalã, viajaram até Madrid com familiares dos detidos e prontos a avançar com o dinheiro de eventuais fianças decididas pelo juiz do Tribunal Supremo. Mas este adiou para segunda-feira, véspera do arranque oficial da campanha para as eleições de 21 de Dezembro na Catalunha, a decisão sobre o futuro imediato dos detidos, alguns dos quais são candidatos às autonómicas convocadas por Mariano Rajoy.

O antigo vice-presidente Oriol Junqueras e outros ex-conselheiros defenderam que têm de estar em liberdade para poderem participar na campanha em igualdade de condições com os outros candidatos. Junqueras e os restantes membros da ERC asseguraram que não renunciam às suas convicções políticas, mostrando-se dispostos a respeitar a Constituição sem dizerem, palavra por palavra, que renunciam à via unilateral.

Junqueras e sete conselheiros da Generalitat cessada por Rajoy com a entrada em vigor do atufo 155 da Constituição são investigados por “rebelião, sedição e desvio de fundos” por terem alegadamente conspirado para conseguir a separação da Catalunha do resto de Espanha, organizando o referendo de dia 1 de Outubro e assinando a declaração de independência lida pelo ex-presidente do executivo, Carles Puigdemont, no parlamento da região.

Jordi Sànchez, que entretanto abandonou a ANC para entrar na lista de Puigdemont, e Jordi Cuixart, presidente da Òmnium cultural, são acusados de “sedição” pela mobilização que promoveram a 20 de Setembro, dia em que a Guardia Civil deteve uma série de dirigentes políticos e entrou em vários Departamentos para procurar provas da organização do referendo.

Depois da viagem para Bruxelas de Puigdemont acompanhado por vários ex-conselheiros, qualquer juiz poderá invocar risco de fuga. Mas a verdade é que quem ficou se apresentou para responder assim que chegaram as notificações. Para além disso, os ex-conselheiros defendem que o facto de se apresentem a votos é prova de que não pretendem desaparecer. 

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