Dos quatro candidatos à presidência do Eurogrupo, a ministra das Finanças letã Dana Reizniece-Ozola é a única mulher na corrida; a eleição acontece nesta segunda-feira. Com uma grande diferença de idade dos seus adversários, a ministra letã de 36 anos conta com um extenso currículo: além da sua actividade política enquanto deputada e ministra, foi oito vezes campeã de xadrez, tem um mestrado em tradução e fez parte de vários projectos aeroespaciais.

A juntar a muitos outros títulos na modalidade, a responsável pelas Finanças da Letónia foi campeã das Olimpíadas de xadrez nos anos de 1998, 2000, 2004, 2006, 2010, 2012, 2014 e 2016. No ano passado, já era ministra e bateu a campeã mundial chinesa Hou Yifan na quarta volta do torneio que se realizou na capital do Azerbaijão, Bacu. Entre 1997 e 2004, fez parte da direcção da federação de xadrez da Letónia.

Reizniece-Ozola integrou também vários projectos ligados à indústria aeroespacial, incluindo a gestão do projecto do satélite Venta-1, que tem um sistema de identificação automática que permite supervisionar o tráfego marítimo. Das três obras que tem publicadas, duas são sobre este satélite; a outra é sobre terminologia. A governante, casada e com quatro filhos, fala seis línguas: é fluente em letão, inglês e russo e também sabe falar alemão, francês e espanhol.

A letã é ministra das Finanças do país báltico (que tem menos de dois milhões de habitantes) desde Fevereiro de 2016. Com um nível baixo de dívida pública, a Letónia tem hoje a economia a crescer acima de 4% e um défice em torno de 1% do PIB. "Sou uma pessoa que gosta de aceitar as tarefas difíceis que ninguém se atreve a começar", disse Reizniece-Ozola numa entrevista ao diário digital norte-americano Politico no final do ano passado, em que afirmava também que tentava não ceder a pressões políticas, já que considera a sua liberdade “de importância vital”.

Formação académica e afiliação política

Os seus adversários têm todos mais de 49 anos. A ministra tem 36 anos – nasceu em 1981 na cidade letã de Kuldiga (que pertencia à União Soviética), na zona Oeste do país, a cerca de 150 quilómetros da capital Riga. Ainda que não seja uma das favoritas ao cargo, Reizniece-Ozola formalizou a candidatura à presidência do Eurogrupo nesta quinta-feira e concorrerá contra três outros candidatos oficiais: o português Mário Centeno, de 50 anos, o luxemburguês Pierre Gramegna, de 59 anos, e o eslovaco socialista Peter Kazimír, de 49 anos.

O Eurogrupo, actualmente presidido pelo holandês Jeroen Dijsselbloem (também conhecido pela polémica dos “copos e mulheres”), é um órgão informal dos ministros das Finanças dos Estados-membros do euro, que se reúne mensalmente para debater assuntos relacionados com o euro. A eleição acontecerá na próxima segunda-feira em Bruxelas e considerará vencedor o candidato com mais votos — são precisos pelo menos dez votos por parte dos 19 ministros das Finanças da zona euro.

A formação académica de Reizniece-Ozola foi feita em vários países. Além de ter estudado tradução e assessoria jurídica na Letónia, estudou também administração de empresas na International Space University, na comuna francesa de Illkirch-Graffenstaden, perto da fronteira com a Alemanha. Recebeu formação em Gestão de Indústria Aeroespacial por parte da NASA, nos Estados Unidos, e também fez uma formação em Barcelona dirigida a deputados e economistas sobre clusters. Em 2014, pertenceu à Comissão Nacional Letã para a Unesco.

A actual ministra foi militante do partido For Latvia and Ventspils até 2014 e agora pertence à coligação centrista União dos Verdes e Agricultores (ZZS, na sigla letã), que tem 21 dos 100 assentos parlamentares e é um dos partidos com maior expressão no chamado Saeima. Foi deputada durante vários anos, tendo feito parte da comissão dos Assuntos Jurídicos e trabalhado em áreas como os Transportes, a Educação, a Cultura e a Ciência.