Escândalos da FIFA afastam patrocinadores

A pouco mais de seis meses do arranque do Mundial da Rússia, o organismo que tutela o futebol global continua sem atrair as grandes marcas, mas acredita que irá cumprir os objectivos de receitas.

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A FIFA está a ter dificuldades em conseguir patrocinadores para o Mundial 2018 Reuters/MAXIM SHEMETOV

Quando faltava meio ano para o arranque do Mundial do Brasil de 2014 a FIFA anunciava pomposamente que todas as vagas de patrocínio associadas ao evento estavam preenchidas. Quatro anos depois, em vésperas do início do torneio da Rússia, o cenário é drasticamente oposto. Tudo por causa das ondas de choque provocadas pelos recentes escândalos de corrupção que abalaram o organismo máximo do futebol e que contribuíram para afastar as grandes marcas.

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, desde que Gianni Infantino assumiu a liderança da FIFA, em 2016, só foram assinados contratos de vulto com patrocinadores globais provenientes da China, Qatar e Rússia. E apenas um dos 20 lugares reservados a patrocinadores regionais foi ocupado até ao momento.

A ideia dos patrocinadores regionais integrava uma nova estratégia comercial do organismo para atrair empresas da Europa, América do Norte, América do Sul, África e Ásia, com quem pretendia estabelecer acordos. Os potenciais interessados beneficiariam do impacto proporcionado pelo Mundial, com um investimento inferior ao exigido aos parceiros globais.

Um cenário que não surpreende Patrick Nally, gestor de patrocínios que contribuiu para a criação do primeiro programa de marketing internacional da FIFA, há quatro décadas. “Não me surpreende, porque a FIFA tem sido e continua a ser uma marca tóxica”, explicou, em declarações ao jornal New York Times: “A menos que sejam [patrocinadores] chineses ou de algum outro lugar semelhante, onde a corrupção não é levada tão a sério, não haverá uma grande empresa que considere seguro associar-se à FIFA.” Nally deixa mesmo uma sugestão ao organismo para renascer com um novo nome.

Para agravar ainda mais o cenário em relação a potenciais receitas no Mundial da Rússia, contribuíram também as ausências das selecções de Itália e dos EUA, inesperadamente afastadas da fase final do torneio. No caso da selecção europeia, estará em causa a perda de uma valiosa receita de perto de 170 milhões de euros, segundo estimativas recentes do New York Times.

Já em relação ao conjunto norte-americano, o impacto será particularmente relevante ao nível dos tais potenciais patrocinadores regionais. Mesmo assim, e apesar de lamentar estas surpreendentes ausências, a FIFA acredita que irá atingir as receitas projectadas.

“Toda a gente está aborrecida com a não-qualificação dos EUA, que não era esperada, para ser honesto”, admitiu Philippe Le Floc’h, director comercial da FIFA à agência Associated Press, na quinta-feira. Este responsável, que assumiu o cargo há 14 meses, confia que será atingida uma receita próxima dos 4,8 mil milhões de euros orçamentados para o período 2015-18, apesar de não estarem preenchidas todas as vagas destinadas aos 34 potenciais patrocinadores.

Em termos de receitas televisivas, a FIFA estima atingir os 2,5 mil milhões de euros, superando os dois mil milhões proporcionados pelo Mundial do Brasil. Já as vendas a patrocinadores – a segunda fonte de receita mais relevante do organismo, apenas atrás dos direitos televisivos – está projectado que caiam cerca de 84 milhões de euros, um cálculo que não teve em conta, por exemplo, o impacto provocado pelo afastamento dos EUA da fase final.

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