Bombeiros criticam escolha de GNR para liderar Protecção Civil

Representantes consideraram tratar-se de uma desconsideração e uma desvalorização do trabalho dos bombeiros.

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Marta Soares soube da decisão pela comunicação social STEVEN GOVERNO

A Liga dos Bombeiros criticou a escolha de um coronel da GNR para o cargo de comandante operacional da Protecção Civil. Em declarações à TSF, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Morta Soares, diz ter sido apanhado de surpresa e criticou a escolha de António Paixão por ser elemento de uma entidade que considera não ser a principal responsável pelo socorro em Portugal.

“Os bombeiros são o principal agente de protecção civil em Portugal, são os principais responsáveis, são os primeiros responsáveis por mais de 90% do socorro em Portugal”, sublinhou Jaime Marta Soares.

“Tudo isto é mais que justificável, é mais que razão plausível, para que o perfil do comandante nacional de Protecção Civil fosse outro que não um elemento de uma entidade que está muito longe daquela que é que no terreno tem mais operacionais”, considerou. “O mínimo que se podia efectivamente desenvolver era uma conversação com quem efectivamente representa os bombeiros portugueses”, apontou ainda.

A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais também não concorda e estranha "uma vez mais" que um lugar que é da responsabilidade dos bombeiros seja ocupado por um militar da GNR. "Não é dada aos bombeiros a mesma oportunidade que é dada às forças de segurança. Elementos da GNR, e não só, ocupam os cargos e os bombeiros profissionais não podem comandar", defendeu.

“Todos podem ser nossos comandantes, menos os próprios bombeiros de carreira”, considera Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais. Não obstante, reconhece que António Paixão é uma personalidade idónea e “com toda a experiência”.

António Paixão tem liderado o Comando Territorial da GNR de Lisboa e antes tinha criado o Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS). A indigitação foi comunicada internamente pelo presidente da Autoridade Nacional da Protecção Civil, o tenente-general Mourato Nunes, na terça-feira. 

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