Venezuela

“Tiraram-me o capuz e mandaram-me despir a roupa”

No relatório "Crackdown on Dissent: brutalidade, tortura e perseguição política na Venezuela", a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) e a organização não-governamental venezuelana Foro Penal acusam o governo venezuelano de utilizar sistematicamente tratamento brutal, incluindo tortura, contra manifestantes anti-governo e opositores políticos. 

No relatório "Crackdown on Dissent: brutalidade, tortura e perseguição política na Venezuela", a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) e a organização não-governamental venezuelana Foro Penal acusam o governo venezuelano de utilizar sistematicamente tratamento brutal, incluindo tortura, contra manifestantes anti-governo e opositores políticos. 

"Temos visto brutalidade por parte da polícia venezuelana no passado. O que não tínhamos visto são as detenções arbitrárias por parte dos serviços de inteligência em que os detidos são abusados brutalmente nos centros de detenção", afirma Tamara Taraciuk Broner, investigadora da HRW. 

O  documento apresentado esta quarta-feira relata 88 casos envolvendo pelo menos 314 pessoas, muitos dos quais descreveram ser submetidos a graves violações de direitos humanos em Caracas e em 13 estados entre Abril e Setembro de 2017. Num dos testemunhos recolhidos pela HRW, um opositor ao regime descreve a tortura a que foi submetido com recurso a água e electricidade num centro de detenção, onde esteve detido 49 dias. "Começaram a bater-me de uma forma impressionante. Ouvia-se o zumbido [dos bastões] de cada vez que me batiam. Uma brutalidade. Tiraram-me o capuz e mandaram-me despir a roupa. Algemaram-me os pulsos. Algemaram-me também os pés e subiram-me, suspenso."

Choques elétricos, asfixia, agressão sexual e outras técnicas brutais terão sido utilizadas ao longo de vários meses, acusa a HRW.