Hospital pede avaliação urgente ao LNEC

“Onde houve falha não sabemos”, diz administração do Hospital São Francisco Xavier. Comissão parlamentar de saúde promove nesta quarta-feira várias audições sobre o surto de Legionella.

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A Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Rita Perez Fernandez da Silva, durante a sua audição na comissão parlamentar de Saúde, nesta quarta-feira LUSA/TIAGO PETINGA

“Houve seguramente – e isso é uma falha – um acidente adverso não previsto” na origem do surto de Legionella no Hospital São Francisco Xavier, garantiu a Rita Perez, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO), ao qual pertence aquela unidade. “Se houve falha, houve. Se foi humana ou se foi técnica ainda não sabemos”, afirmou Carlos Galamba, vogal financeiro do conselho de administração. Na sequência destas incertezas, a administração pediu uma avaliação urgente ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

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“Houve seguramente – e isso é uma falha – um acidente adverso não previsto” na origem do surto de Legionella no Hospital São Francisco Xavier, garantiu a Rita Perez, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO), ao qual pertence aquela unidade. “Se houve falha, houve. Se foi humana ou se foi técnica ainda não sabemos”, afirmou Carlos Galamba, vogal financeiro do conselho de administração. Na sequência destas incertezas, a administração pediu uma avaliação urgente ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

O surto que infectou 56 pessoas, cinco das quais morreram, teve origem nas torres de refrigeração do hospital, já é sabido, dado que as estirpes encontradas nas torres são idênticas às encontradas nos doentes. Contudo, o que o originou é ainda uma incógnita, dizem os administradores. “Onde houve falha não sabemos. Estamos numa fase em que ainda não há respostas muito concretas”, reforçou Carlos Galamba, perante as perguntas dos deputados da comissão parlamentar de saúde, na manhã desta quarta-feira.

“Neste momento, o centro hospitalar considera que está confortável com a manutenção que existe, mas quer ter a certeza que está confortável”, afirmou Carlos Galamba, adiantando que, para isso, o centro hospitalar requereu ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) um “trabalho de avaliação do risco de manutenção das estruturas”, entre as quais as redes de água, de electricidade e de cogeração dos hospitais São Francisco Xavier, Santa Cruz e Egas Moniz.

Para além desta avaliação à manutenção, o CHLO pediu ao LNEC um outro trabalho, “mais profundo”, sobre a central de cogeração para verificar se está colocada no melhor sítio e se deve ser modernizado o seu funcionamento.

Em simultâneo, o hospital pediu à empresa responsável pela manutenção dos equipamentos que reforçasse medidas preventivas nas torres de refrigeração e recolhesse amostras noutros pontos críticos destas estruturas. Estas torres estão, por esta altura, “paradas e não serão activadas se não houver autorização” das autoridades de saúde, assegurou Carlos Galamba. Por isso, “o risco de contaminação actual é zero”.

Perante uma pergunta do deputado Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, o responsável esclareceu que não há pagamentos em atraso nem dificuldades para pagar às empresas envolvidas na manutenção dos sistemas do hospital. As recolhas de amostras de água nas torres de refrigeração para análise são feitas quinzenalmente, garantem os administradores.

Doentes oncológicos e insuficientes cardíacos

Sabe-se agora, adiantou a presidente do conselho de administração do CHLO, que os doentes oncológicos e com insuficiência cardíaca foram os mais atingidos pela bactéria Legionella neste surto hospitalar.

Adiantou ainda Rita Perez que entre os 56 infectados, estavam dois trabalhadores do Hospital São Francisco Xavier. No total, 170 funcionários do hospital fizeram análises para pesquisa de antigénio da bactéria para saber se estavam ou não infectados.

As respostas dos administradores não agradaram aos deputados do PSD e do CDS que dizem ficar com as mesmas dúvidas e reforçam as perguntas iniciais: o que falhou e quem são os responsáveis. Miguel Santos, do PSD, afirmou que “22 dias depois”, mais do que os 15 dias dados pelo ministro da Saúde para ser conhecido o relatório às causas do surto, este relatório ainda não é público.