Escoliose idiopática: a vida (e a coluna) “aos ésses”

©Adriana Boiça Silva
Fotogaleria
©Adriana Boiça Silva

Há dez anos, Adriana Boiça Silva foi diagnosticada com escoliose idiopática, "uma deformação na coluna, em forma de ‘S’, cuja única solução é a cirurgia". Tinha 13 anos e 82 graus de curvatura na coluna quando foi operada. "Para além de toda a questão estética, o avançar desta doença traz graves consequências, comprometendo o funcionamento dos pulmões, coração e sistema digestivo", explicou ao P3, em comunicado. A cirurgia de correcção foi um momento decisivo e marcante na vida da jovem estudante do Instituto Português de Fotografia (IPF). "Tinha muito medo", confessou. Perene, o seu projecto de final de curso, tem por base "fragmentos de episódios ocorridos na altura", ordenados cronologicamente. "A árvore em forma de ‘S’ é a primeira e representa a deformação que era visível a olho nu nas minhas costas. O raio-x é a confirmação de que existe uma doença." Os pregos simbolizam a reconstrução e a dor. "Na imagem dos pensos [a número 4 desta fotogaleria], estou deitada para representar todo o tempo que passei no hospital quase sem me mexer." Adriana teve de reaprender a andar, depois de tanto tempo imóvel. "Sentia um enorme peso nas costas, parecia que tudo ia cair", explicou. Cresceu 12 centímetros em consequência da operação. "A minha mãe foi o meu grande apoio durante todo este processo. Esteve lá desde o início, desde o dia em que ambas soubemos que eu tinha esta doença. Esteve dia e noite no hospital e só saiu comigo, quando voltei para casa." O colete é o único objecto que guarda da operação e tem para si um significado especial. "A cirurgia faz parte de mim, da minha história, e a cicatriz [representada na última imagem desta fotogaleria] é algo que me caracteriza e de que gosto. Acaba por ser a prova de que passei por algo difícil mas que hoje estou aqui, e bem." Adriana mantém, desde 2008, o blogue Cores ao Vivo, no qual partilha as suas fotografias dos protagonistas daquilo que considera "a nova música portuguesa". "São mais de 400 bandas e artistas, mais de mil concertos." O trabalho de Adriana, assim como o de outros alunos finalistas do curso profissional do IPF, esteve em exposição na Galeria Geraldes da Silva, no Porto.

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