A 5.ª Cimeira União Africana-União Europeia terá lugar hoje e amanhã, em Abidjan, na Costa do Marfim. Será um momento importante, que coincide com o 10.º aniversário da Estratégia Conjunta África-UE, que nos tem permitido cooperar sobre questões importantes para ambos os lados do Mediterrâneo e para o resto do mundo.

Esta cooperação faz todo o sentido para as duas partes. O que acontece em África afeta a Europa e o que acontece na Europa afeta África. Em conjunto, representamos 83 países e 1,7 mil milhões de habitantes. Ligam-nos a história, a geografia e a humanidade. Partilhamos os mesmos valores e os mesmos princípios e acreditamos numa ordem mundial assente em regras.

Ao longo da última década, intensificámos a nossa cooperação em vários domínios: segurança, luta contra o terrorismo, parcerias em matéria de migração, crescimento económico, comércio, alterações climáticas, entre outros. Da Somália ao Mali, passando pela República Centro-Africana, as tropas europeias trabalham lado a lado com as suas homólogas africanas para manter a paz, defender o Estado de Direito e lutar contra a pirataria e o tráfico de seres humanos. A nossa cooperação torna-nos mais fortes, mais seguros e mais prósperos.

Este aspeto assume uma importância especial, num momento em que as nossas duas uniões se encontram num processo de grande transformação. Por exemplo, a Europa está em vias de se tornar, até 2030, a região mais “velha” do mundo e África é, de longe, a região “mais jovem”, com uma média etária inferior a 20 anos. Além disso, a população africana deverá duplicar, prevendo-se que atinja 2,4 mil milhões de pessoas em 2050, e quadruplicar até 2100, devendo atingir quatro mil milhões de pessoas.

África será, pois, o continente do futuro, razão pela qual escolhemos a juventude como tema da cimeira deste ano. Em Abidjan, a UE e África terão uma oportunidade única para começar a delinear um futuro comum, em conjunto.

Esta nova geração de jovens terá necessidade de empregos sustentáveis e de qualidade, à razão de 18 milhões por ano. Esta geração vai necessitar de um ambiente seguro, de energia a preços acessíveis e de acesso a serviços de saúde e à educação. África dispõe de um setor empresarial florescente que a ajudará a desenvolver-se mas a Europa, com o seu vasto leque de conhecimentos especializados, também pode apoiar essa transição.

Temos muito trabalho a acrescentar ao que já foi feito. Até 2020, a Comissão Europeia irá conceder uma ajuda ao desenvolvimento no valor de 31 mil milhões de euros para dar a oportunidade aos jovens de singrar no seu próprio país. O Fundo Fiduciário UE-África dá apoio a jovens e mulheres das regiões do Sahel, do Lago Chade, do Corno de África e do Norte de África para formação profissional e criação de micro e pequenas empresas. O Banco Europeu de Investimento concede financiamentos no valor de dois mil milhões de euros por ano.

Este apoio já está a fazer a diferença no terreno, contribuindo, por exemplo, para implantar a cobertura da rede móvel em zonas rurais remotas da República Democrática do Congo e dos Camarões e para garantir o acesso a energia limpa a mais de 18 milhões de africanos.

No entanto, juntos podemos fazer muito mais. É preciso continuar a combater as causas profundas da migração irregular, que continua a fazer demasiadas vítimas e a enriquecer um número demasiado elevado de traficantes. E temos de envidar mais esforços para melhorar o clima empresarial e criar uma plataforma que ajude os empreendedores africanos a crescer.

Para tal, será necessária a participação ativa do setor privado. A UE representa cerca de um terço do investimento direto estrangeiro em África, o que está a ajudar a criar emprego e crescimento nas nossas duas uniões. Neste contexto, o novo Plano de Investimento Externo Europeu constituirá mais um passo neste sentido. Graças à utilização de fundos públicos como garantia, este plano deverá permitir mobilizar 44 mil milhões de euros de investimentos em África até 2020, apoiando a construção de infraestruturas críticas e ajudando as pequenas e médias empresas a obter o crédito de que necessitam para expandir as suas atividades e dar emprego a um maior número de pessoas.

Trata-se de um investimento no nosso futuro comum. Dez anos volvidos sobre a Estratégia Conjunta África-UE, a nossa cooperação continua a progredir e a consolidar-se. A nossa parceria é uma parceria de igual para igual, através da qual nos apoiamos mutuamente e nos entreajudamos para prosperar e tornar o mundo um lugar mais seguro, mais estável e mais sustentável. Juntos continuaremos a consolidar a nossa parceria para os próximos anos, começando desde já em Abidjan.

Os autores escrevem segundo o novo Acordo Ortográfico