Vila Franca de Xira corre sérios riscos de ficar sem marina

Empresa faz “ultimato” ao Vilafranquense e clube pede ajuda à câmara.

Foto
A marina de Vila Franca tem capacidade para 84 embarcações DR

A marina de Vila Franca de Xira já tem 14 anos, mas grande parte dos custos de implantação desta estrutura fluvial nunca foram pagos à empresa construtora. Agora, cansada de esperar, a firma escreveu à União Desportiva Vilafranquense (UDV) exigindo 280 mil euros, alegadamente em falta, e ameaçando retirar a totalidade dos pontões se o clube não pagar até final deste ano. Sem capacidade financeira para responder e há vários anos gerida por uma comissão administrativa por falta de listas para os órgãos directivos, a UDV apelou à ajuda da câmara. Mas a autarquia considera que vai ser difícil ajudar, porque logo na altura da inauguração contribuiu com cerca de 170 mil euros que, ao que parece, nunca terão chegado à empresa que instalou a marina.        

“A marina foi instalada por uma antiga direcção do Vilafranquense, que estabeleceu também um protocolo através do qual a câmara aceitou pagar metade do investimento. A Câmara assegura que entregou um cheque à direcção da altura, mas não sabemos o que aconteceu a esse dinheiro, porque o construtor da marina não chegou a receber esse valor”, explica, ao PÚBLICO, um dos responsáveis da comissão administrativa da UDV, vincando que a empresa tem reclamado este valor de 170 mil euros acrescido de juros. 

Pelo meio, a firma construtora ainda terá aceite um acordo com uma antiga direcção do Vilafranquense, em que, tirando os juros, a dívida ficava em 170 mil euros, que deveriam ser pagos em 12 anos. “Mas nunca ninguém pagou nada desse acordo”, acrescenta o mesmo responsável, frisando que a comissão administrativa foi mantendo um diálogo regular com a empresa construtora e que, dentro das escassas receitas do clube, foi conseguindo pagar verbas mensais pequenas da ordem dos 150 a 250 euros.

No total foram, assim, amortizados cerca de 17 mil euros, mas o construtor esgotou a paciência. “Chegou ao limite da compreensão e mandou-nos, agora, uma carta, em que reclama 280 mil euros. Ou é pago este valor ou, então, vem levantar os pontões da marina de Vila Franca. Deu-nos um prazo até final do ano”, sublinha. “Entendemos que a marina é um património da cidade de Vila Franca e não interessa à câmara, nem à cidade, que a marina desapareça dali e fique sem nada. Não nos importamos nada que a marina seja propriedade da câmara e que se faça um protocolo entre a câmara e o clube para a gestão da marina”, sugere o dirigente.

Preocupação na câmara

O assunto foi também abordado na última sessão camarária de Vila Franca, com a vereadora Cláudia Martins (CDU) a salientar as “graves dificuldades vividas há algum tempo” pela UDV, “agravadas devido às questões relacionadas com a marina”. A eleita da coligação liderada pelo PCP quis saber o que é que a Câmara pretende fazer nesta matéria e que tipo de apoio poderá dar ao clube.

“Da nossa parte, relativamente à marina, nós pagámos. O que aconteceu a seguir não sei, mas que pagámos, pagámos”, afiançou Alberto Mesquita, presidente da câmara, admitindo que a situação é “complicadíssima”. O autarca prometeu marcar rapidamente uma reunião com a comissão administrativa do clube, mas salienta que não se pode comprometer com nada, porque “a UDV comprometeu-se com a empresa que construiu a marina. Havia uma parte que a Câmara pagava e a outra foi a UDV que ficou de pagar. Foi feito um plano de pagamentos, que não tem sido honrado. Há aqui matérias que temos que analisar e ver de que modo e a que apoios ainda podemos ir”, sustentou Alberto Mesquita, considerando que este processo deveria ter sido seguido de outra forma. “A Câmara assumiu um compromisso com a UDV, que honrou. O que aconteceu a seguir não sei”, rematou o autarca.

A marina de Vila Franca, instalada junto ao cais da cidade e ao Jardim Constantino Palha, tem capacidade para 84 embarcações e uma taxa de utilização normalmente superior a 50 por cento.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários