Portugal "perdeu um dos seus melhores”, diz Artur Santos Silva

Para o actual chairman do BPI, "Belmiro de Azevedo foi um visionário, corajoso, buscador de talentos e soube criar uma tecnoestrutura de grande qualidade, sabendo-a desafiar para a entrada em novas áreas de negócio".

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Artur Santos Silva, chairman do BPI Nuno Ferreira Santos

O ex-presidente da Fundação Gulbenkian e actual chairman do BPI, Artur Santos Silva, considera, em declarações ao PÚBLICO, que "o engenheiro Belmiro de Azevedo foi o mais notável empresário de primeira geração do nosso país do meu tempo. Foi extraordinário o percurso que seguiu desde a escola, quando veio estudar para o Porto, no liceu Alexandre Herculano, em condições duras e com o apoio de um grande amigo da família, tendo vivido com grandes restrições. Até que começou a dar explicações e não só financiou os seus estudos como os dos irmãos mais novos", recorda.

"Belmiro de Azevedo considerou sempre a educação como a grande prioridade para o nosso país e para a criação de uma sociedade mais igual e mais justa. Ele próprio, quando era um alto quadro do grupo Pinto Magalhães, no momento em que lhe quiseram atribuir o primeiro bónus significativo, disse que preferia que lhe pagassem um curso para executivos em Harvard. Na altura, era um caminho pioneiro no nosso país", sublinha Artur Santos Silva, que vai mais longe: "Belmiro de Azevedo foi um visionário, corajoso, buscador de talentos e soube criar uma tecnoestrutura de grande qualidade, sabendo-a desafiar para a entrada em novas áreas de negócio".

O chairman do BPI destaca que "a Sonae criou uma escola de empresários, estimulando muitos dos seus quadros de topo a voarem mais alto, adquirindo empresas da sua carteira de negócios. Em tudo o que conseguiu, o engenheiro Belmiro de Azevedo afirmou sempre grande independência do poder político e a maior transparência de processos. Por isso, lamentavelmente, não teve sucesso na aquisição do controlo da Portucel na sua privatização, nem na OPA sobre a PT", salienta.

Artur Santos Silva recorda ainda que Belmiro de Azevedo "afirmou sempre um grande sentido de cidadania, como aconteceu na criação de um ninho de empresas, em que também participei e onde desafiou a universidade do Porto e outros empresários. Do mesmo modo, na criação da escola de negócios do Porto, para que mobilizou as mais importantes empresas do Norte e mais tarde a própria Universidade do Porto. No lançamento e afirmação da Cotec [Associação Empresarial para a Inovação] teve também um papel do maior relevo".

Em suma, para o ex-presidente da Fundação Gulbenkian, Belmiro de Azevedo foi  um"homem de vida austera, hábitos simples, dando grande importância à vida em família. E sempre fiel às suas amizades de sempre. O país perdeu um dos seus melhores,” remata.

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