Júlio César despede-se do Benfica e talvez da carreira

Guarda-redes brasileiro rescindiu com o clube da Luz ao final de três anos e meio.

Júlio César conquistou três campeonatos nacionais ao serviço do Benfica
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Júlio César conquistou três campeonatos nacionais ao serviço do Benfica Reuters/JUAN MEDINA
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Sergio Azenha (colaborador)

O momento de despedida foi emotivo e não escapou à câmara da Benfica TV que o difundiu pelo Facebook. Júlio César despediu-se esta terça-feira dos seus companheiros e equipa técnica no balneário “encarnado” encerrando um ciclo de três anos e meio ao serviço do clube da Luz. Este poderá ser também o adeus aos relvados do guarda-redes, de 38 anos, a encerrar uma longa carreira de duas décadas, pincelada por inúmeros sucessos, mas também por algumas desilusões.

Quando foi apresentado como reforço do Benfica, em Agosto de 2014, a carreira de Júlio César já entrara numa fase descendente. Mesmo assim, assumiu com ambição a aventura portuguesa. “Era um namoro antigo. Isso despertou algo dentro de mim e pensei por que não?” Não se terá arrependido. O percurso teve altos e baixos, mas para a estatística ficam os títulos. E foram muitos: três campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga e duas Supertaças Cândido de Oliveira.

Titular indiscutível nas duas primeiras épocas em Lisboa, acabou por perder espaço na baliza benfiquista, quando os problemas físicos o impediram de ter o rendimento desejado. Esta temporada fora relegado para terceira opção nas escolhas de Rui Vitória, atrás de Svilar e Varela, e a sua rescisão acabou por ser um desfecho previsível.

O Benfica poderá ter sido o último capítulo de uma carreira que atingiu o seu zénite no final da temporada de 2009-10, com a camisola do “super” Inter de Milão, então treinado por José Mourinho. Entre todos os grandes momentos que viveu dentro das quatro linhas, aquele que mais será eternizado ocorreu a 22 de Maio de 2010, em pleno Estádio Santiago Bernabéu.

No palco do Real Madrid conquistou a única Liga dos Campeões do seu currículo, após os italianos baterem na final o Bayern Munique (2-0). Ficaria eternamente grato ao treinador português por tudo o que lhe proporcionou nos dois anos em que coabitaram na equipa de Milão.

“Foi mais do que um pai para mim quando estive no Inter. Em apenas dois anos, Mourinho e a sua equipa técnica ganharam tudo. Tivemos sucesso na Serie A [liga italiana] nessa fase, mas ganhar a Champions foi algo diferente. O clube não a ganhava há 42 anos. Foi uma vitória heróica”, recordou recentemente numa entrevista ao portal ESPN FC. Uma temporada irrepetível que lhe valeria o prémio de melhor guarda-redes do futebol europeu, atribuído pela UEFA.

A partir daqui começou o lento declínio. Ficaria mais dois anos no Inter, num total de sete épocas, acabando por rumar a Inglaterra e ao Queens Park Rangers em 2012-13. Rapidamente deixou de fazer parte das opções da equipa britânica, acabando por forçar o seu empréstimo ao Toronto, do Canadá, em 2014, para se manter activo nos meses que antecederam o Mundial do Brasil.

Luiz Felipe Scolari manteve-o como principal opção na baliza “canarinha”, mas a prova teria um desfecho dramático para Júlio César. No dia em que comemorava o 10.º aniversário da sua estreia pela selecção entrou para a história como um dos piores momentos (se não o pior) do futebol brasileiro. Na meia-final, frente à Alemanha, a equipa da casa foi humilhada com uma goleada por 7-1.

“Preferia que o jogo tivesse terminado com 1-0 com um erro meu do que com estes 7-1”, diria no final da partida. Já em Novembro deste ano, voltaria a recordar o momento na conversa com a ESPN FC: “Infelizmente, terei de responder sempre a essa pergunta até ao fim da minha vida. Quem esteve lá não consegue encontrar uma explicação para o que aconteceu. A Alemanha estava a construir aquela equipa há muito tempo. Perdemos a concentração durante 10 ou 15 minutos e fomos penalizados por isso, contra a equipa que acabaria por vencer o Mundial.”

A sua despedida da selecção brasileira ocorreria poucos dias depois desta hecatombe aos pés dos germânicos, com uma nova derrota no encontro para a atribuição do terceiro lugar frente à Holanda (3-0). Um mês depois era apresentado pelo Benfica como o novo dono da baliza da equipa então orientada por Jorge Jesus.     

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