Investigadores criam plano de adaptação para o Algarve

O plano visa projectar para a região algarvia um conjunto de medidas de adaptação que, a longo prazo, possam contribuir para minimizar os impactos das alterações climáticas.

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As zonas costeiras também estão em foco neste plano, já que a tendência é para que, até ao final do século, se registe uma subida superior a meio metro do nível da água do mar, o que no Algarve é mais preocupante na zona leste enric vives-rubio

Um consórcio liderado por investigadores vai, até ao final de 2018, elaborar um plano de adaptação às alterações climáticas para o Algarve, uma iniciativa que arranca esta segunda-feira, em Faro, com a primeira reunião geral, na Comunidade Intermunicipal do Algarve.

O plano visa projectar para a região algarvia um conjunto de medidas de adaptação que, a longo prazo, contribuam para minimizar os impactos das alterações climáticas em vários sectores, desde o turismo, à saúde, agricultura, biodiversidade e recursos hídricos, explicou à Lusa o coordenador do plano, Filipe Duarte Santos.

"É bom que as pessoas se consciencializem de que o clima está a mudar e a tendência é o clima do norte de África mover-se mais para norte, para Portugal e outros países do sul europeu", alertou o especialista em alterações climáticas que vai coordenar a elaboração de um plano com medidas concretas para o Algarve.

Segundo Filipe Duarte Santos, um dos problemas das alterações climáticas é a ocorrência de fenómenos extremos, mais frequentes e mais intensos, que aumentam, por exemplo, tanto o risco de haver cheias, como de períodos de seca, afectando as florestas, a agricultura e as zonas urbanas.

Outro dos trabalhos passará por identificar qual o impacto das alterações climáticas na saúde humana, no Algarve, nomeadamente no que respeita a doenças transmitidas, por exemplo, por mosquitos, que tendem a aumentar quando o clima muda e podem constituir um perigo para a saúde.

As zonas costeiras também estão em foco neste plano, já que a tendência é para que, até ao final do século, se registe uma subida superior a meio metro do nível da água do mar, o que no Algarve é mais preocupante na zona leste, entre a Ria Formosa e a fronteira com Espanha, exemplificou.

Por outro lado, o aumento da temperatura da água está a favorecer o aparecimento de novas espécies de peixes, o que pode constituir uma oportunidade e não uma ameaça, defendeu aquele especialista, acrescentando que o turismo também pode beneficiar da mudança de clima, permitindo concentrar a época turística noutras estações do ano e não apenas no verão.

"O horizonte temporal deste plano é até ao final do século, não nos podemos só preocupar com o que acontece agora, temos que pensar a médio e longo prazo", concluiu.

O Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas junta responsáveis universitários, autarcas e técnicos de instituições públicas, que vão reunir conhecimentos e elaborar propostas até ao final de 2018.

A decisão em avançar com este plano de combate às alterações climáticas foi aprovada na última reunião dos presidentes das 16 câmaras do Algarve, na Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), na sexta-feira passada.

O coordenador do plano, Filipe Duarte Santos, é membro do centro de investigação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo sido um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

Esta iniciativa envolve um investimento superior a 470 mil euros, verba financiada em 85% pelo Fundo de Coesão, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, e em 15% pelos municípios algarvios.

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