O Portal Pimba está de volta

Para documentar e criar um arquivo musical, o Portal Pimba voltou a estar online e também quer "lutar um pouco contra o preconceito" que persiste em relação ao género

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Depois de alguns anos inactivo, o Portal Pimba regressa com o objectivo de ser "o arquivo definitivo" daquele género musical, procurando documentar um estilo prolífico que ainda sofre de algum preconceito, segundo o responsável do projecto. O portal tem um lado quase etnográfico, querendo divulgar canções, mas também fazer entrevistas e vídeos em torno do pimba, contou à agência Lusa Bruno Raposo, mentor do projecto, classificando-o de uma espécie de "Música Pimba a Gostar Dela Própria", numa alusão ao "Música Portuguesa a Gostar Dela Própria", de Tiago Pereira.

O site foi lançado no domingo, 26 de Novembro, e pretende crescer ao longo do tempo com os contributos da comunidade, para que o portal se torne "o espaço definitivo e o arquivo definitivo destes artistas", explicou o responsável, que colaborou com Nuno Markl para o "Laboratólarilolela", na Antena 3, onde deu a conhecer Ninfa Artemis ou Júlio Miguel e Lêninha.

O gosto pelo pimba do designer e fotógrafo a morar em Ílhavo começou quando andava no secundário, em Pombal, no distrito de Leiria, e descobriu uma cassete do artista Leonel Nunes. Com um grupo de amigos, criou-se um "site muito arcaico, em que se demorava uns 50 minutos para fazer o download do mp3". "Fomos os primeiros a dar voz ao Zé Cabra", recorda Bruno Raposo. Posteriormente, em 2005, lançou o Portal Pimba, que se manteve activo até há cerca de seis anos e que agora regressa.

"Se me diverte, eu gosto. Oiço muitas outras coisas, mas isto é uma parte. Vou a festivais de Verão, mas também a bailaricos. Não é algo incompatível e é isso que quero mostrar às pessoas: o bailarico é uma coisa muito portuguesa e não tem que ser só fixe no Santo António, em Lisboa", vinca o responsável. Segundo Bruno Raposo, o Portal Pimba também procura lutar "um pouco contra o preconceito" que persiste em relação ao género, considerando que o projecto não "ridiculariza os artistas".

"A graça tem que estar na música e no que eles fazem", frisa, referindo que o primeiro portal era "um espaço em que os próprios artistas gostavam de aparecer". Por lá, juntava-se o meio, os entusiastas da música pimba e também aqueles que procuravam a parte humorística dentro daquele estilo musical.

No novo site, Bruno Raposo pretende manter essa dinâmica e juntar "os três públicos". No arquivo, tanto haverá partilhas de vídeos de YouTube — "um poço sem fim" —, como a digitalização de músicas da sua colecção ou que surjam de contributos de outros, explanou. Para a pesquisa há a Internet, mas também a Feira da Ladra ou as bancas de cassetes que ainda encontra numa feira em Ponte de Lima, onde vai todos os anos. "As pessoas não imaginam a quantidade de artistas desconhecidos em Portugal com coisas editadas", sublinha. "Continua a lançar-se muita coisa, que nunca ninguém ouve falar e, pelo meio, há verdadeiras pérolas."

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