Time Inc. comprada por grupo rival com ajuda dos magnatas Koch

Os bilionários irmãos Koch, conservadores do Partido Republicano, financiam parte do negócio que envolve 2400 milhões de euros.

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Donald Trump exibe a capa de revista a 19 de Janeiro de 2016 LUSA/TANNEN MAURY

A empresa proprietária da revista norte-americana Time vai ser comprada pelo grupo rival de media Meredith Corporation, por 2800 milhões de dólares (cerca de 2400 milhões de euros). O negócio contou com o apoio dos bilionários Charles e David Koch, conhecidos como os "banqueiros da direita radical" dos EUA.

Os dois irmãos, membros da segunda família mais rica dos Estados Unidos em 2016, são conhecidos por serem os financiadores privados da ala mais radical do Partido Republicano e apoiantes das causas conservadoras. Para a concretização do negócio contribuíram com uma fatia de 650 milhões de euros, conta a Reuters.

A revista norte-americana Time, que tem vindo a perder receitas em publicidade, somava algumas ofertas de compra. Só o grupo Meredith, sediado no Iowa, já tinha feito duas ofertas – uma no início deste ano e outra ainda em 2013. Este grupo é dono de revistas de lifestyle como a Better Homes & Gardens e Family Circle e irá agora liderar também outros títulos da Time Inc., como a People, Sports Illustrated, Entertainment Weekly e a Fortune.

“Este negócio, e o valor imediato que nos oferece, irá responder aos melhores interesses da empresa e aos seus accionistas minoritários”, defendeu o presidente da Time, John Fahey, num comunicado citado pela televisão pública britânica BBC.

Os dois magnatas, Charles Koch, de 82 anos, e David Koch, de 77 anos, lideram a empresa Koch Industries, a segunda maior empresa dos Estados Unidos, avaliada em 100 mil milhões de dólares, de acordo com a revista Fortune. Têm negócios em áreas tão díspares como o petróleo e o papel higiénico. No site da empresa, assumem que “para milhões de norte-americanos as palavras ‘irmãos Koch’ e ‘activismo político’ andam de mãos dadas”. A extensão da sua influência, conhecida por quem acompanha a política norte-americana, valeu-lhes mesmo a alcunha de “Kochtopus” (do inglês octopus, ou polvo em português).

De acordo com um comunicado do grupo Meredith, os dois irmãos não terão qualquer cargo na Time Inc. ou “qualquer influência nas opções editoriais ou de gestão” do principal activo do grupo, precisamente a revista Time. A companhia reconheceu, porém, que a contribuição económica dos irmãos milionários desbloqueou o negócio de compra.

“Quando combinamos os nossos negócios de televisão local com uma multiplataforma de criação de conteúdos, isso gera uma poderosa empresa de media, capaz de servir leitores e investidores publicitários”, sublinhou o líder da Meredith, Tom Harty.

Conjugados, o grupo económico Meredith e a Time Inc. terão um público próximo dos 135 milhões de pessoas e 60 milhões de assinaturas. O acordo também irá expandir o mercado da Meredith para a geração de millennials – grupo de pessoas que nasceu entre o início dos anos 80 e o fim dos anos 90. O aumento deverá traduzir-se em mais 170 milhões de visitas mensais únicas no negócio digital e mais de 10 mil milhões de visualizações anuais de vídeos.

Liderada pelo CEO Rich Battista, a Time Inc. irá renovar a estrutura de custos e o foco nos negócios digitais. A revista norte-americana é uma das mais conhecidas publicações de informação generalista semanal do mundo. A primeira edição foi publicada a 3 de Março de 1923.

Uma das mais conhecidas características da revista é a nomeação de Pessoa do Ano, uma rubrica levada à prática desde 1927 e que em 2017 conhecerá a 90.ª edição. A revista elege para a capa o indivíduo ou grupo de indivíduos (ou uma ideia ou máquina) que tiveram o maior impacto nas notícias nos últimos 12 meses.

Donald Trump foi considerado a Personalidade do Ano em 2016, depois de ganhar as eleições para a Casa Branca, nesse ano. A escolha de 2017 será revelada a 6 de Dezembro, mas o Presidente dos EUA afirmou neste sábado que tinha recusado uma entrevista e uma sessão fotográfica com a revista Time depois de lhe dizerem que seria “provavelmente” escolhido como Personalidade do Ano.

A revista não hesitou em desmentir o líder da Casa Branca e a esclarecer os métodos de eleição da Personalidade do Ano.

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