Palavras, expressões e algumas irritações: água

Mesmo que seja difícil, nos dê “água pela barba”, é indiscutível a necessidade urgente (e já vamos tarde) de mudança de hábitos de poupança deste bem essencial. “Claro como água”

Todos sabemos o que é “água”. Mas pensamos mais nela quando não cai do céu. “Líquido incolor, transparente, inodoro e insípido, composto por moléculas formadas por dois átomos de hidrogénio e um átomo de oxigénio, quando quimicamente puro”, regista o dicionário. Mais adiante, fala em “chuva”.

A meio deste mês, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera divulgou em comunicado: “Quase todo o território está há cerca de cinco a seis meses consecutivos em situação de seca severa e extrema, não se tendo verificado um desagravamento no início do Outono como seria normal e se tem verificado em outras situações de seca.”

Em Fevereiro de 2012, a “palavra da semana” que escolhemos foi “seca”, descrevemo-la como “período extenso em que não chove” e “estiagem”. Também por essa altura a água não caía do céu. E custa muito aceitar as informações sobre o desperdício deste bem essencial, como revelou recentemente a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos: “Pelo menos em 25 municípios, mais de metade da água escapa-se pelos buracos das condutas e por infiltrações e outros 29 não estão muito melhor: perdem entre 40 e 50%. Apenas 15 conseguem ter perdas inferiores a 10%.”

Se o cidadão deve poupar água em casa, no carro ou no jardim, os municípios têm obrigação de acautelar que não há desperdício.

E se “águas passadas não movem moinhos”, é tempo de rever a eficácia da rede de distribuição, esperando que os autarcas não tentem “sacudir a água do capote” (recusar responsabilidades) nem deixem o esforço dos cidadãos “ficar em águas de bacalhau” (gorar-se).

Mesmo que seja dificíl, nos dê “água pela barba”, é indiscutível a necessidade urgente (e já vamos tarde) de mudança de hábitos. “Claro como água.”

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

Sugerir correcção
Comentar