México cria reserva marinha para proteger as “Galápagos da América do Norte”

A pesca, a exploração de minas e a construção de hotéis passam a ser proibidas nas quatro ilhas do Pacífico.

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Pela grande biodiversidade marinha, as ilhas mexicanas são frequentemente comparadas às Galápagos REUTERS/Jorge Silva

O Governo mexicano criou uma reserva marinha em torno do arquipélago de Revillagigedo, no Oceano Pacífico, com o intuito de salvaguardar a biodiversidade existente no local, protegendo os seres vivos dos efeitos da pesca e da exploração comercial nas quatro ilhas, anunciou na sexta-feira o Presidente do México, Enrique Peña Nieto.

A zona de protecção abrangida pelo recém-anunciado Parque Nacional Revillagigedo ocupa uma extensão de 148 mil quilómetros quadrados em torno das ilhas, o que faz com que esta reserva passe assim a ser a maior da América do Norte. As quatro ilhas do Oceano Pacífico têm “paisagens marinhas e terrestres que contam com uma grande biodiversidade e espécies únicas no mundo”, lê-se num vídeo partilhado no Twitter pelo Presidente mexicano Enrique Peña Nieto.

As ilhas do arquipélago de Revillagigedo são muitas vezes chamadas de “Galápagos da América do Norte”. A analogia é estabelecida com o arquipélago das Galápagos (pertencentes ao território do Equador), também no Pacífico, a cerca de mil quilómetros da costa da América do Sul — essas ilhas são conhecidas pela grande biodiversidade de animais e por terem recebido a visita de Charles Darwin em 1835, onde reuniu argumentos para a sua futura teoria da evolução.

À semelhança das verdadeiras Galápagos, também em Revillagigedo há uma grande variedade de animais marinhos – o ecossistema alberga cerca de 400 espécies de peixes, tubarões, baleias, tartarugas e raias –, mas grande parte deles (sobretudo os peixes) estava ameaçada pela pesca comercial excessiva, não conseguindo reproduzir-se de forma a acompanhar o ritmo a que estavam a ser pescados.

Localizado a Oeste do território continental do México, o arquipélago mexicano (que é Património Mundial da Unesco desde 2016) é composto por quatro pequenas ilhas: San Benedicto, Socorro, Clarión e Roca Partida – a mais pequena e inóspita.

O decreto em que todas as novas medidas ficaram estabelecidas foi anunciado pelo Presidente mexicano, que considerou que se trata de mais um compromisso do país em “preservar a herança do México e do mundo”, disse neste sábado, citado pelo Guardian. O documento oficial proíbe não só a pesca mas também a exploração de minas e a construção de hotéis nas ilhas. Segundo o governo mexicano há ainda outras vantagens: o território passa a ser propriedade do Estado (“totalmente pública”) e a designação de Parque Nacional “mobiliza e atrai financiamento e apoios nacionais e internacionais, para a sua manutenção”.

Citado pela Reuters, o líder mexicano referiu ainda que serão o Ministério do Ambiente e a Marinha do país a encarregar-se “da vigilância, do equipamento e de actividades de formação que incluem a monitorização remota em tempo real, a educação ambiental dirigida a pescadores e sanções”.

O México junta-se assim a um esforço global para proteger alguns territórios marinhos: as Nações Unidas estabeleceram o objectivo de proteger, até 2020, 10% dos oceanos — até agora países como o Chile, a Nova Zelândia e o Taiti tomaram medidas para proteger os sistemas ecológicos presentes nas suas águas territoriais.

De resto, esta não é a primeira iniciativa relacionada com a protecção de oceanos a ser sugerida pelo governo mexicano: em Junho deste ano, o Governo começou a testar o primeiro sistema de seguros para salvaguardar os recifes de corais, que estão em risco sobretudo devido às alterações climáticas.

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