“Dragão” escorrega nas próprias hesitações e perde altitude

Efeito Soares deu vantagem ao FC Porto em noite de altos e baixos perante um Desp. Aves castigado pela ineficácia ofensiva (1-1).

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LUSA/JOSÉ COELHO

Com o clássico da 13.ª jornada à vista, o FC Porto escorregou na Vila das Aves (1-1), apesar de ter entrado a vencer o Desportivo, acabando a noite reduzido a dez unidades, mas a lutar pela vitória até ao último sopro. Foi a segunda vez que o líder da Liga cedeu pontos nesta época.

Sérgio Conceição voltou a reservar uma surpresa no regresso aos compromissos domésticos, promovendo o avançado Soares a titular no “onze” do “dragão” dois meses depois de o brasileiro ter sofrido uma lesão muscular num jogo da Champions. E Soares correspondeu da melhor forma, rasgando um passe milimétrico para Ricardo Pereira abrir as contas (6’).

O FC Porto respondia com uma eficácia tremenda, punindo os avenses que, dois minutos antes, não foram capazes de concretizar a primeira grande situação de perigo da partida: Salvador Agra falhava por centímetros a baliza, na primeira de uma série de tentativas que surpreenderam os portistas, causando mossa que foi minando a confiança “azul e branca”.

As sucessivas escorregadelas num relvado demasiado traiçoeiro ilustravam bem as dificuldades experimentadas pelo líder, que ainda assim foi sobrevivendo com alguma sorte à mistura aos momentos de maior stress, como o do remate à barra de Arango e o da hesitação de um Salvador Agra deslumbrado pelo forma inusitada como surgiu isolado na cara de José Sá. O Desp. Aves revelava coração e carácter, mas era sistematicamente boicotado pela imaturidade na hora de definir os lances que perturbavam visivelmente o FC Porto.

Sérgio Conceição procurava uma explicação para os constrangimentos que a equipa enfrentava e enviava um sinal claro de que poderia agir de forma a pôr cobro a tanto equívoco. O intervalo surgia no timing exacto para Sérgio Conceição poder redefinir a estratégia e converter uma equipa nervosa num conjunto capaz de evitar um jogo de constantes sobressaltos. Mas a expulsão de Corona, meia-dúzia de minutos depois do reatamento, comprometeu qualquer possibilidade de reverter um quadro que acabou por agravar-se com a saída do mexicano. O Desp. Aves percebia que tinha tudo a ganhar se assumisse declaradamente o controlo do encontro, o que se tornou inevitável quando o FC Porto teve que sacrificar Soares para reforçar a defesa com a entrada de Maxi Pereira. Ironicamente, o Desp. Aves chegaria ao golo da igualdade na sequência de um cruzamento de Amilton pelo corredor do uruguaio, com Vítor Gomes a surpreender Felipe e a marcar de cabeça (62’).

A noite adensava, subitamente, as dúvidas em torno da capacidade de o FC Porto conseguir suster o ímpeto avense. Mas quase tão depressa como foram convocadas, as nuvens dissipar-se-iam com o “dragão” a resgatar o seu melhor jogo. Momento, contudo, a recuperar o início do Desp. Aves, com uma série de oportunidades desperdiçadas de forma inacreditável. Aboubakar foi o primeiro a desesperar os portistas, ao perder um golo certo, oferecido por Danilo, depois de ter feito tudo bem. Um lance que esgotou a paciência de Conceição, que trocou o camaronês por Marega, também regressado de paragem por lesão.

Vidigal tinha, entretanto, trocado Defendi por Gauld, não demorando a arrepender-se face à subida de produção portista. O Desp. Aves interiorizava rapidamente que, mesmo em superioridade numérica, era preferível garantir um ponto a insistir numa estratégia mais ambiciosa. Até final, o FC Porto sitiou o adversário, mas não conseguiu derrubar a última barreira. O final do jogo ficaria marcado por um lance na área de Quim, com Danilo a ser atingido na coxa por Amilton, o que motivou protestos que não foram atendidos pelo árbitro.

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