Costa acredita em melhor diálogo com futura liderança do PSD

António Costa critica a relação com a actual direcção do PSD e acredita que finalmente será possível "falar com normalidade com o maior partido da oposição", seja com Santana Lopes ou Rui Rio.

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O líder do executivo minoritário socialista critica duramente as actuais direcções do PSD e do CDS-PP LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O primeiro-ministro António Costa acredita que o diálogo vai melhorar com a nova liderança do PSD, seja Santana Lopes ou Rui Rio, e elogia a posição construtiva do líder da Fenprof, Mário Nogueira, sobre o descongelamento das carreiras dos professores.

Em entrevista à Antena 1, que será transmitida na íntegra no sábado, a partir das 12h, o líder do executivo minoritário socialista critica duramente a actuação das actuais direcções do PSD e do CDS-PP, mas manifesta-se convencido de que a relação entre o governo e o maior partido da oposição vai "seguramente" melhorar após a eleição do novo líder social-democrata, em Janeiro.

Na perspectiva de António Costa, "vai finalmente poder-se falar com normalidade com o maior partido da oposição". "Na minha concepção da vida democrática, é essencial que haja uma maioria, que é constituída com os partidos com quem temos um compromisso. Mas há muitas matérias em que é preciso ter um diálogo normal com o maior partido da oposição e com a actual direcção do PSD é manifestamente impossível", sustenta.

No que respeita ao CDS-PP, o primeiro-ministro considera que este partido "tem uma linha política de ataque político personalizado, de insulto pessoal e de total irresponsabilidade, como, aliás, revelou nestas propostas de Orçamento do Estado" para 2018. "Tenho muita esperança que a nova liderança do PSD, seja ela qual for, permita uma relação normal e tranquila com o principal partido da oposição", declara.

Neste ponto sobre as relações com a oposição, o primeiro-ministro ataca a actual direcção do PSD a propósito dos incêndios florestais, acusando-a de ter ignorado o relatório da Comissão Técnica Independente e de apenas ter pretendido, de forma "absolutamente lamentável", explorar tragédias para fins políticos.

Segundo António Costa, a única entidade que retirou consequências a partir do relatório da Comissão Técnica Independente na sequência do incêndio de Junho em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), "foi o governo", acrescentando que os membros desta comissão "nunca foram ouvidos na Assembleia da República". "Acho absolutamente extraordinário que o PSD, que propôs a constituição da comissão, seja o primeiro a não apoiar o relatório dessa mesma comissão. Aliás, o PSD propôs ao país a única medida que foi chumbada pela própria comissão", aponta.

Mas o primeiro-ministro vai ainda mais longe nas críticas à direcção de Pedro Passos Coelho. "Ao longo destes meses houve comportamentos políticos absolutamente lamentáveis de exploração de uma tragédia para fins políticos. Acho isso absolutamente lamentável e compromete gravemente a credibilidade do relacionamento entre o Governo e o PSD", sustenta.

António Costa conclui, por isso, que o PSD propôs essa Comissão Técnica Independente "com total reserva mental, sendo-lhe absolutamente indiferente qual fosse a análise e as propostas dessa comissão". "A única coisa que interessou fazer foi atacar o Governo à custa de uma tragédia, que teve consequências humanas terríveis", considera.

Interrogado sobre o diferendo com os sindicatos dos professores em relação à forma como se deverá processar o descongelamento da carreira deste sector profissional, o primeiro-ministro insiste que não podem ser alimentadas "falsas expectativas".

"Temos esperança de que, em diálogo – como o povo diz, é falar que a gente se entende –, se possa encontrar soluções construtivas. Tenho ouvido da parte de dirigentes sindicais, sobretudo da Fenprof, uma posição bastante construtiva relativamente a esta matéria", refere, elogiando depois a actuação do líder da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

"Mário Nogueira tem repetidas vezes dito que é demagógico dizer-se que o descongelamento das carreiras tem um impacto de 600 milhões de euros, porque nunca reivindicaram que tivesse impacto no Orçamento para 2018. Portanto, ao resolver-se o problema para 2018, dá-nos tempo para serenamente podermos olhar para este tema", defende.

António Costa diz que o Governo cometeria um erro se recusasse liminarmente uma negociação com os professores e, por isso, "deve procurar um entendimento" com as estruturas sindicais. "Mas todos temos consciência das limitações que o país tem para poder responder a tudo o que aconteceu no passado e que deixou marcas profundas", salienta o primeiro-ministro nesta entrevista à Antena 1.

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