Dormir ao lado da Ponte Luiz I

Publicamos, mensalmente, às sextas, um projecto de arquitectura e de decoração de interiores com exemplos de como aproveitar da melhor forma o pouco espaço disponível numa habitação. Bem-vindos às Casas XS. Uma curadoria do blogue Alexandra Matos Design

José Campos
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A localização foi a inspiração. O resultado final o triunfo dos arquitectos Nuno Sousa e Hugo Ferreira.

Do ponto de vista criativo, o maior desafio destes arquitectos na concepção do Oh! Porto Apartments foi a falta de espaço. Ou seja, “conseguir ‘encaixar’ seis apartamentos e uma loja, com acessos independentes, equipamentos técnicos, entre outros, dentro de um perímetro tão condicionado". Isto levou-os "à experimentação com medidas minimamente confortáveis de habitação e consequente escala, no diálogo entre os espaços habitáveis e os espaços comuns". Por outro lado, ressalvam os autores, "a arquitectura parte da identificação e resolução de problemas" e nessa medida terão sido os "desafios" que "transformaram positivamente a proposta”.

A intervenção foi global. Na realidade, “não houve nenhuma área que não tenha sido intervencionada", explicam Nuno Sousa e Hugo Ferreira. "Foi-nos exigido que mantivéssemos as fachadas norte e nascente e, dessa forma, foram refeitos rebocos existentes e a solução térmica foi definida pelo interior. Aumentou-se a área de rés-do-chão para albergar compartimentos técnicos e ganhar um pátio virado a sul. Pelo interior, desenhou-se uma ‘espinha’ que resolve cozinhas, wc e armários. Pelo exterior, um novo alçado tardoz em betão aparente, aliás como todos os novos elementos que, na continuidade das paredes interiores, definem uma escada que nos leva à sucessão de espaços a diferentes cotas do logradouro. O piso novo é revestido a soletos de ardósia, evocando os antigos acrescentos das casas de sec XIX da zona ribeirinha."

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Alexandra Matos é mestre em Ciências da Comunicação e é autora do blogue Alexandra Matos Design

Viajemos, então, pelo espaço: “Quando entramos pela rua da Calçada da Serra pela porta de entrada, percebemos, rapidamente, o conceito de todo o projecto: um espaço contínuo cuja parede central e tecto são em betão aparente, onde atrás de portas de correr com 2,70 metros de altura se escondem outros compartimentos que não se querem mostrar. Ao fundo, um maciço rochoso em granito, ao mesmo tempo que filtra a luz, mostra-nos a cota a que estamos no terreno e deixa espreitar a escada. Subindo até ao primeiro pátio, continuamos pela escada que nos mostra, ora a ponte, ora o pátio, dando ritmo ao percurso que, deixando vislumbrar, não revela todos os espaços na sua totalidade."

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Chegados ao segundo piso, prosseguem Nuno Sousa e Hugo Ferreira, percebe-se "o alçado de tardoz: uma grelha de betão assimétrica cujas varandas falsas se deixam contaminar pela vegetação". Ao entrar num dos apartamentos tipo, vê-se que "o espaço escapa até ao Douro, sem deixar de olhar sobre o pátio que ficou para trás"; "No entretanto atrás das portas em bétula, a cozinha e casa de banho escondem-se, timidamente. A cofragem do tecto roda para as paredes que, por sua vez, tem a mesma medida do soalho. No último piso, dois quatros dividem as mesmas vistas dos restantes e a sala abre-se em ‘panorâmica’ sobre o rio.”

Dicas para espaços pequenos

Para Nuno Sousa e Hugo Ferreira “as condicionantes que o pequeno espaço acarreta devem estar em conformidade com o conforto, a escala dos espaços e o uso pretendido”.

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“A escala do espaço e a atmosfera pretendida são pontos de foco quanto toca à decoração", concluem os arquitectos. Apostamos sempre em algo que tendencialmente dialogue com a arquitectura.”

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