Dez coisas a saber sobre o envelhecimento do teu animal de companhia

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Michael Mroczek/ Unsplash

Filipa Queirós é enfermeira veterinária e Presidente do Conselho Fiscal da Associação de Enfermeiros Veterinários Portugueses

 

O número de animais de companhia idosos tem aumentado exponencialmente, muito devido aos progressos da medicina veterinária mas também devido à consciencialização dos tutores para a importância dos cuidados de saúde. O envelhecimento de um animal é um processo natural, o importante é que saibamos como lhe dar mais anos de vida e com qualidade.

Aqui ficam dez coisas que tens que saber sobre o envelhecimento do teu animal.

1. Com que idade o meu animal passa a ser geriátrico? Normalmente, a partir dos sete anos de idade. No entanto, existem factores que podem alterar isto. Por exemplo, os cães mini têm uma esperança de vida superior aos gigantes, então, um cão gigante pode ser geriátrico aos seis anos e um cão mini apenas aos nove. Já os gatos, normalmente, vivem mais do que os cães, mas a sua raça pode influenciar a sua esperança média de vida. O ideal é que te informes com o teu médico ou enfermeiro veterinário sobre qual a idade em que o teu animal é considerado geriátrico.

2. Com que frequência devo fazer check-up no veterinário com o meu animal geriátrico? O recomendado é que nunca passe mais de um ano entre check-ups. No entanto, dependendo da recomendação do médico veterinário, a frequência poderá ter que ser aumentada. Quanto mais precocemente uma doença for detectada, maior a probabilidade de sucesso no seu tratamento e menores serão os custos envolvidos.

3. Que adaptações posso fazer em casa para proporcionar mais conforto ao animal geriátrico? É importante que estejas atento a sinais, como se o teu animal hesitar antes de subir ou descer escadas ou antes de saltar para um local, e que vás fazendo adaptações. Coloca mais tapetes pela casa para evitar pisos escorregadios. Isto permitirá que se mova com mais facilidade e irá prevenir possíveis lesões. Aplica rampas em locais com degraus ou para facilitar o acesso do teu animal a um local (carro, sofá, cama...). Aumenta a frequência dos passeios, diminui a sua duração e procura percursos fáceis. Para os gatos geriátricos, pode ser necessária alguma adaptação para entrar mais facilmente no caixote de areia.

4. O meu cão geriátrico tem mais frio? Sim! Mais frio e mais calor. Com a idade a capacidade de controlar a temperatura do corpo pode estar alterada, por isso, no Inverno providencia-lhe um ambiente mais quente e no Verão mais fresco. Os horários dos passeios também devem ser escolhidos de forma a evitar períodos de muito frio ou de muito calor.

5. Devo alterar a alimentação do meu animal quando ele passa a ser geriátrico? A alimentação deverá ser escolhida conforme as necessidades particulares de cada animal. As alimentações para idosos são normalmente menos calóricas, pois nesta fase da vida o metabolismo é mais baixo e há também uma diminuição da actividade. A quantidade de calorias ingerida deve ser adaptada, prevenindo o excesso de peso e todas as complicações que podem advir disso. A escolha do alimento deve ter em conta também se há alguma doença ou, por exemplo, dificuldade em mastigar por falta de dentes. Deves sempre procurar aconselhamento do teu médico ou enfermeiro veterinário, eles conhecem o teu animal, as suas necessidades e particularidades, saberão qual o alimento mais indicado.

6. Os animais geriátricos devem ser vacinados e desparasitados? Nesta fase da sua vida os animais estão mais susceptíveis a apanhar infecções, pois as suas defesas estão, naturalmente, diminuídas. Por isso, apostar na medicina preventiva e levar o teu animal a fazer a suas vacinas e desparasitações de rotina continua a ser importante! No entanto, o teu médico veterinário poderá recomendar que, devido a alguma situação de saúde do teu animal, este não seja vacinado ou desparasitado em determinado momento.

7. As cadelas têm menopausa? Não, por isso caso notes, numa cadela não esterilizada, ausência do corrimento sanguinolento indicativo do cio ou que este se prolonga mais tempo do que o normal deves contactar o teu médico ou enfermeiro veterinário. Assim como se notares corrimento sanguinolento na tua gata. As doenças relacionadas com o sistema reprodutivo são das mais frequentes em fêmeas geriátricas, por isso é tão importante que sejam esterilizadas em jovens.

8. O meu animal perdeu a visão! O que devo fazer? Muitos animais geriátricos vão perdendo a visão e a audição. Se a perda é repentina, deves contactar o teu médico veterinário. A capacidade de adaptação dos animais é tão boa que, muitas vezes, os tutores apenas se apercebem que estes perderam a visão no dia em que mudam algum móvel de casa do lugar. Por isso, se o teu animal está com a visão reduzida ou mesmo cego, procura não fazer alterações na localização das mobílias e objectos lá por casa.

9. Devo continuar a dar banho e a tosquiar o meu animal geriátrico? Sim! Não só é importante manter todos os cuidados de estética e higiene como pode mesmo ser necessário aumentar a sua frequência. Com o avançar da idade, o pêlo dos animais torna-se mais seco, a sua pele mais oleosa e o odor corporal mais intenso, pelo que os banhos poderão ter que ser mais frequentes. É também importante manter os pêlos que crescem entre as almofadas plantares sempre bem aparados, para evitar que escorreguem e assim facilitar a sua locomoção. O mesmo se aplica em relação às unhas. Nos idosos as unhas estão muitas vezes demasiado grandes, por falta de desgaste devido à diminuição da sua actividade, o que provoca dificuldade no apoio correcto do membro, desconforto e pode mesmo causar lesões.

10. Quais os principais sinais de doença a que devo estar atento no meu animal geriátrico? São muitas as doenças que podem surgir nesta fase, por isso, as suas manifestações podem ser as mais variadas. No entanto, de forma resumida, os principais sinais a que deves estar atento são os seguintes: - aumento da ingestão de água e/ou da quantidade de urina produzida; - perda de peso; - aumento ou perda do apetite; - vómitos ou diarreias persistentes; - dificuldade em urinar ou defecar; - alterações nos hábitos e rotinas, aumento ou diminuição repentinos dos níveis de actividade; - dificuldade em levantar ou na locomoção; - perda súbita da visão, convulsão ou ataque; - falhas no pêlo (com ou sem comichão), aparecimento de massas, úlceras ou feridas; - mau hálito ou salivação excessiva; - abdómen dilatado; - alterações na respiração, tosse, cansaço ou desmaios;

Se conseguiste que o teu animal chegasse a idoso contigo, o mais importante é manter os seus cuidados de saúde quando ele mais precisa! Não penses que "é da idade" e por isso é normal — não ignores os sinais de doença. Nesta fase é quando deves estar mais atento a alterações, fazer check-ups com mais frequência e, em caso de dúvida, procurar o aconselhamento do teu médico ou enfermeiro veterinário. Nunca te esqueças que um problema de saúde detectado precocemente permite um tratamento mais eficaz. Assim, poderás manter o teu animal contigo por mais tempo e com qualidade de vida!

Associação de Enfermeiros Veterinários Portugueses

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