Londres tem até 4 de Dezembro para apresentar últimas propostas

Após encontro com May, Tusk diz que Londres enfrenta "ainda um enorme desafio" para conseguir aval dos 27 ao início da segunda fase das negociações.

May e Tusk estiveram reunidos durante uma hora
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May e Tusk estiveram reunidos durante uma hora CHRISTIAN HARTMANN /EPA
May admitiu que “há ainda vários assuntos que precisam de ser resolvidos”
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May admitiu que “há ainda vários assuntos que precisam de ser resolvidos” Virginia Mayo /EPA

Não se confirmou a expectativa de que a ida da primeira-ministra britânica esta sexta-feira a Bruxelas poderia ser um primeiro passo para desatar os nós que travam o avanço das negociações do “Brexit”. Depois de se encontrar com Theresa May, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que o Reino Unido “tem dez dias” para convencer os parceiros europeus a aceitarem na próxima cimeira o início das discussões sobre um futuro acordo de comércio.

Conseguir “progressos suficientes” até ao Conselho Europeu de 14 e 15 de Dezembro é possível, mas continua a ser um enorme desafio, escreveu Tusk na sua conta de Twitter após o encontro com May, realizado à margem de uma cimeira com seis países do antigo bloco soviético com quem a UE tem acordos de cooperação.

A mensagem foi pouco menos do que um balde de água fria para a primeira-ministra britânica que, no início desta semana, conseguiu o aval dos seus ministros para liquidar uma fatia maior dos compromissos financeiros que os 27 lhe exigem que salde antes de deixar a UE – cerca de 40 mil milhões de euros, segundo fontes citadas pela imprensa.

Mas, depois de nos últimos meses ter feito cedências que a UE considerou insuficientes, Londres quer agora garantias de que a segunda fase das negociações (sobre um acordo de comércio e um período de transição para vigorar até lá) começa já no início de 2018. “Quero deixar claro que devemos avançar juntos”, afirmou May à chegada a Bruxelas. “Cabe tanto ao Reino Unido como à UE avançar em direcção à próxima fase.”

Por seu lado, os 27 dão a entender que não poderão dar certezas antes de conhecerem as propostas britânicas. E se durante muito tempo as atenções estiveram apenas concentradas no quanto Londres tem ainda a contribuir para os cofres comunitários antes da saída, Dublin conseguiu nas últimas semanas convencer os outros 26 Estados-membros de que Londres não deu até agora garantias de que a sua saída da UE (bem como do mercado único e da união aduaneira) não obrigará a repor os controlos na fronteira entre as duas Irlandas, com perigosas consequências políticas e económicas para a ilha.

“As questões irlandesas são as questões europeias”, escreveu no Twitter o chefe dos negociadores europeus, Michel Barnier, após um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês, Simon Coveney. “Precisamos de ver progressos da parte do Reino Unido nos próximos dez dias em todas as questões, incluindo na Irlanda”, garantiu, por seu lado, Tusk, apontando 4 de Dezembro como limite máximo para Londres pôr em cima da mesa a sua última oferta a tempo de conseguir um aval na próxima cimeira.

À saída da reunião, May admitiu que “há ainda vários assuntos que precisam de ser resolvidos” e destacou a “atmosfera positiva” do encontro. Fontes citadas pelo Politico garantem, contudo, que não terá apresentado novas propostas durante o encontro. 

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