Depois da purga, primo de Chávez vai liderar subsidiária da PDVSA

Presidente da Citgo, uma refinaria que é subsidiária da petrolífera venezuelana PDVSA, foi detido na terça-feira. Um dia depois, Maduro anunciou que Asdrubal Chávez, antigo ministro do Petróleo e primo de Hugo Chávez, vai passar a liderar a empresa.

Foto
O procurador-geral da Venzuela, Tarek William Saab Reuters/MARCO BELLO

Naquilo que considerou ser “uma cruzada contra o crime organizado”, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, iniciou, desde que tomou posse em Agosto, uma autêntica purga na indústria do petróleo daquele país. Nesta terça-feira, depois de terem sido detidos mais de 50 executivos do sector nos últimos meses, as autoridades anunciaram a detenção do presidente executivo da Citgo, uma refinaria que é subsidiária da petrolífera venezuelana PDVSA. Nicólas Maduro não perdeu tempo e anunciou nesta quarta-feira o substituto na liderança deste braço da empresa estatal, jóia da coroa da economia venezuelana: Asdrubal Chávez, antigo ministro do Petróleo e primo de Hugo Chávez.

Nesta terça-feira, vários agentes militares entraram num evento da PDVSA em Caracas para levar José Pereira, juntamente com outros cinco vice-presidentes da refinaria, sob detenção, noticiou a Reuters. Em conferência de imprensa, Saab explicou que os detidos eram suspeitos de uma fraude num valor a rondar os quatro mil milhões de euros para refinanciar os títulos da empresa. O procurador disse ainda que o acordo foi feito em termos “inconcebíveis e desfavoráveis” para a PDVSA, e que no negócio foi dada a própria Citgo como garantia de reembolso sem ter sido consultado o Governo venezuelano. “Este painel de directores coloca a Citgo em perigo. Isto é corrupção, corrupção na sua natureza mais podre”, afirmou Saab, citado pela Reuters.

Tarek Saab tomou posse como procurador-geral da Venezuelana em substituição de Luisa Ortega Diaz, que era próxima de Hugo Chávez, mas que, com Maduro no poder, se tornou a figura do Estado mais incómoda para o aparelho chavista. Em Agosto, acabou destituída pela Assembleia Constituinte criada pelo Presidente, tendo fugido da Venezuela por temer pela sua vida.

Por isso, e apesar de estas operações estarem a ser descritas como uma guerra contra a corrupção, há quem suspeite que Saab esteja a abrir caminho para que o regime de Maduro comece a controlar de forma mais próxima o sector petrolífero, que é fundamental para a economia venezuelana, e para encontrar um bode expiatório para a profunda crise económica e social da Venezuela.

“O dinheiro está a acabar, a economia está prestes a colapsar e o Governo está à procura de um bode expiatório – a corrupção – naquilo que aparentam ser os anos mais difíceis da era Chávez”, explica um analista de risco na IHS Markit, em declarações à Bloomberg.

Ora, a nomeação de Maduro para a liderança da Citgo, que surgiu 24 horas depois das referidas detenções, promete adensar estas dúvidas. O Presidente anunciou, numa transmissão na televisão pública, o nome de Asdrubal Chávez, antigo ministro do Petróleo da Venezuela e primo do antecessor de Maduro e o “pai” do regime bolivariano que governa aquele país há 18 anos, Hugo Chávez.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários