Com a sede do Infarmed, Porto pode transformar-se na "capital do medicamento"

Houve aplausos e críticas à decisão de transferir para o Porto em 2019 a sede e vários serviços do Infarmed.

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A notícia da transferência da sede do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) de Lisboa para o Porto foi recebida com aplausos mas também com críticas e preocupação, por serem ainda conhecidos poucos detalhes do processo que implicará deslocar uma parte dos 350 trabalhadores deste organismo.

O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, António Araújo, acredita que o Porto pode tornar-se “na capital do medicamento” graças a esta decisão, que, além de dar à cidade “um organismo que tem um número apreciável de profissionais”, poderá captar “algumas sedes da indústria farmacêutica a médio e longo prazo”.

Também muito satisfeito com o anúncio, o ex-presidente do Infarmed e um dos responsáveis pela candidatura do Porto a sede da Agência Europeia do Medicamento, Eurico Castro Alves, considerou que esta decisão é positiva e inteligente. “É uma medida estratégica muito inteligente porque é desejável que as entidades reguladoras estejam afastadas dos centros de decisão política”, afirmou.

"É uma belíssima decisão do Governo, mostra uma marcada intenção de promover a descentralização e a coesão territorial", comentou o ex-secretário de Estado Adjunto da Saúde e vereador socialista da câmara do Porto Manuel Pizarro. “É mais um sinal do percurso que tem vindo a ser feito por este Governo, como o da devolução da empresa Águas do Douro e Paiva, a municipalização da STCP e a entrega da colecção Miró à cidade”, exemplificou.

No mesmo tom, a concelhia do PS/Porto defendeu, num comunicado assinado pelo presidente, que a deslocação para o Porto da sede e serviços do Infarmed é um “sinal claro” da descentralização do Governo socialista que assim mostra ser “distinto” de anteriores executivos.  

Mas há também quem antecipe já vários problemas. José Abraão, dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), confessou-se preocupado com o futuro dos 350 trabalhadores. “É uma situação caricata, na justa medida em que não é possível obrigar os trabalhadores a mudar para 300 quilómetros de distância da residência”, lembra.

“Temos de perceber se muda o Infarmed todo ou se muda apenas a sede e se está previsto algum programa de mobilidade geográfica com inventivos que possam levar os trabalhadores a aceitar mudar”, questiona. “A informação que temos é muito pouca”, lamenta.

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