A renovação da fotografia começa em Lisboa
O projecto Parallel – European Photo Based Plataform dá os primeiros passos em Lisboa com uma conversa sobre a fotografia contemporânea e uma exposição. A iniciativa partiu da Procur.arte, uma associação portuguesa que quer “renovar o tecido artístico”
A fotografia contemporânea, além de se mostrar, também se discute. E se, nesta área, nem sempre é fácil aceder ao mercado, a melhor forma de contrariar o estado actual é promover a renovação e a emergência de novos artistas. É o que pretende Nuno Ricou Salgado com o projecto Parallel – European Photo Based Plataform, que se apresenta em Lisboa quinta e sexta-feira.
Criada e coordenada pela Procur.arte, uma associação cultural e social de Lisboa, esta plataforma de fotografia vai unir novos autores, 18 instituições artísticas, curadores emergentes e exibidores, criando pontes entre os 16 países europeus que pertencem ao projecto, nomeadamente Suécia, Inglaterra, Alemanha ou Hungria. E tudo começa esta semana em Lisboa com o Parallel Intersection, o primeiro momento de uma iniciativa desenhada para quatro anos, onde se vai começar a desenvolver os novos trabalhos que estarão em exibição em Setembro do próximo ano em Zagreb, na Croácia, local que vai acolher o segundo encontro.
Nuno Ricou Salgado, da direcção da Procur.arte, vê este primeiro Parallel Intersection como uma oportunidade para se fazer “uma leitura sobre o que a fotografia contemporânea está a produzir nos dias de hoje”. Para isso, juntou 41 artistas nacionais e internacionais — como António Júlio Duarte, Phil Toledano, João Grama ou Monica Alcazar Duarte — numa exposição que está patente de 23 de Novembro a 10 de Dezembro no Convento da Trindade, em Lisboa. Na quinta-feira, pelas 17h, haverá ainda uma conversa sobre os novos paradigmas da fotografia e a massificação da mesma pelas redes sociais, com a presença de Hester Keijser, curadora e especialista em livros de fotografia, Cristina de Middel, fotógrafa da Magnum, e Alice Bergomi, da Fundação da Fotografia de Modena. Durante os dois dias vão decorrer ainda em Torres Vedras tutoriais abertos aos novos artistas.
Financiado com dois milhões de euros através do programa comunitário Europa Criativa, que ao todo recebeu 64 candidaturas, o Parallel surgiu para "cobrir alguma falhas" no mundo da fotografia moderna. Nas palavras de Nuno Ricou Salgado, há uma "falta de renovação do tecido artístico" e "uma repetição de nomes consagrados", sendo difícil para os novos artistas afirmarem-se.
Por isso, há que pôr mãos à obra para os próximos quatro anos. Por agora, arranca o primeiro de dois ciclos de desenvolvimento artístico. O primeiro, que acontece nos próximos dois anos, juntará artistas emergentes no desenvolvimento de um novo trabalho que, como referido, será apresentado na Croácia em 2018. O projecto contempla ainda um encontro anual, onde poderão ser criadas sinergias entre curadores e artistas para estas obras. Tudo pela renovação da fotografia.